Fim das superbactérias? Resultados de novo remédio geram otimismo

Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e da farmacêutica suíça Hoffmann-La Roche desenvolveram um novo tipo de antibiótico que aparenta ser capaz de eliminar uma bactéria que consegue resistir à maioria desses medicamentos, levando à morte grande parte das pessoas infectadas.

Em artigo publicado nesta quarta-feira no jornal científico Nature, os cientistas asseguram que o novo antibiótico Zosurabalpin consegue matar de modo eficiente a bactéria Acinetobacter baumannii, que causa infecções graves nos pulmões, no trato urinário e no sangue, sendo capaz de resistir a uma classe de antibióticos bastante numerosa chamada Carbapenema.

Essa bactéria, também conhecida pelo acrônimo em inglês Crab ("Acinetobacter baumannii resistente à Carbapenema"), é um patógenos de prioridade 1 na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2017, juntamente com outras duas bactérias —Pseudomonas aeruginosa e Enterobacteriaceae.

No mesmo ano, apenas nos Estados Unidos, a Crab causou em torno de 8,5 mil infecções em pacientes hospitalizados e foi a causa de 700 mortes, segundo informações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do país.

A Acinetobacter baumannii se desenvolve em ambientes como hospitais e clínicas de repouso. Os pacientes mais vulneráveis são os que necessitam de cateteres, ventiladores ou que têm feridas abertas por cirurgias.

Essa bactéria é tida como sendo a origem de 2% de todas as infecções hospitalares nos hospitais americanos, sendo mais comum na Ásia e no Oriente Médio. A Crab é responsável üpr 20% de todas as infecções nas UTIs em todo o mundo.

Avanços significativos

A dificuldade em combater essa bactéria é demonstrada pelo fato de a Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA ter passado mais de 50 anos sem aprovar uma nova classe de antibióticos capazes de lidar com a Crab.

As infecções resistentes aos antibióticos são consideradas uma grave ameaça à saúde humana, especialmente as que são causadas por um grupo bastante extenso de bactérias chamado de Gram-negativas, protegido por uma carapaça externa que contém uma substância chamada lipopolissacarídeo (LPS).

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Michael Lobritz, chefe global de doenças infecciosas da divisão de desenvolvimento de pesquisas farmacológicas da Roche na Basileia, na Suíça, diz que as LPS permitem que as bactérias vivam em ambientes difíceis e as tornam capazes de evitar ataques dos nossos sistemas imunológicos. Dessa forma, os resultados obtidos pelo novo antibiótico representam um avanço significativo no combate a essas bactérias.

Lobritz afirma que a nova descoberta não deve ser capaz de resolver por completo a ameaça à saúde pública gerada pelas infecções resistentes aos medicamentos, mas abre caminho para esforços futuros no combate a essas bactérias.

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