Prática no Japão, "banho de floresta" promete reduzir o estresse
Passar alguns momentos imerso na mata, sem se preocupar com nada a não ser contemplar a paisagem, pode ter efeitos terapêuticos e ajudar a prevenir doenças. Essa é a conclusão a que chegaram pesquisadores no Japão, onde a prática tem um nome — shinrin-yoku, ou banho de floresta —, e é reconhecida pelo governo local como parte dos cuidados preventivos com a saúde.
Tais pesquisas, realizadas principalmente na Universidade de Chiba e na Escola Médica Nippon, em Tóquio, mostraram que esse "mergulho" na natureza é capaz de diminuir a pressão arterial e a frequência cardíaca, assim como os sintomas do estresse. Outra descoberta é a de que o banho de floresta aumentaria a atividade das células NK (natural killlers ou exterminadoras naturais). Elas defendem o organismo de células tumorais e infecções. Ou seja, a prática também fortaleceria o sistema imunológico. Os pesquisadores japoneses creem que isso se dá pela ação dos fitocidas, que são óleos essenciais liberados pelas árvores para se protegerem de insetos e outras pequenas ameaças e que também agem sobre as células NK. O coordenador do curso de Naturologia da Anhembi-Morumbi, Caio Portella, acredita também que enxergar o ser humano e a natureza como coisas separadas "é um equívoco. Toda a evolução humana ocorreu em uma relação muito próxima com a natureza e esse distanciamento que vemos atualmente é recente na trajetória da Humanidade", diz.
Assim, um banho de floresta seria uma espécie de “volta para casa”. Recentemente, a prática começou a encantar gente em outros países além do Japão. Os Estados Unidos é um deles. Especialmente no estado da Califórnia, já pipocam associações e instrutores especializados, que conduzem os interessados a essas excursões na mata. No Brasil, os banhos de floresta ainda são praticamente desconhecidos — pelo menos com esse nome. Algumas pessoas, como a psicóloga e professora de ioga Lilly Hastings, de São Paulo, adotam a prática de modo empírico. A despeito de nomenclaturas ou pesquisas, ela garante que uma caminhada calma em meio à árvores a deixa descansada, física e mentalmente, e produz um efeito semelhante ao que muita gente relata depois de um banho de mar, por exemplo.
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Ela recomenda a prática até para seus pacientes. “Ao lado do meu consultório há um parque, onde costumo levá-los. Enquanto caminhamos, eu os encorajo a prestar atenção no ambiente, sentir os aromas, tocar a terra, as pedras, as plantas, a água”, explica. "Percebo que eles ficam mais alegres, relaxados. Quando voltamos para o consultório, conseguimos trabalhar as inquietações deles sem ansiedade e com um olhar mais atento", diz. Nem todos, no entanto, veem a prática com tanto entusiasmo.
O psiquiatra Ivan Mario Braun, colaborador do IPq - Instituto de Psiquatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo, vê falhas nas pesquisas: foram feitas em grupos pequenos e por tempo limitado. E, para o médico, de nada adianta realizá-las se não se chega à conclusão do que, exatamente, traz os benefícios. "Ainda que uma planta seja eficiente, quem sabe qual componente produz o efeito? O correto é estudá-la e procurar isolar os componentes responsáveis por sua ação, purificá-los, repetir os estudos com a substância pura e, depois, comercializá-la em concentrações bem conhecidas. Assim, por menos romântico que seja, pode ser que, no futuro, ao invés de passeios em florestas, sejam prescritos, pelos médicos, ambientes “artificiais” que se utilizem dessas substâncias", pondera.
Não existem muitas regras para se tomar um "banho de floresta". A principal orientação é relaxar e aproveitar a paisagem.
* Não se preocupe com a distância percorrida ou calorias perdidas. O banho de floresta não é uma competição nem uma modalidade esportiva.
* O Brasil é riquíssimo em biodiversidade. Chapadas e parques nacionais são ótimas pedidas para o banho de floresta. Se viajar não for uma opção, procure um parque próximo da sua casa.
*Leve água ou chá gelado.
* Encontre um local agradável para sentar-se por alguns instantes e apenas admirar a paisagem. Também vale ler um livro ou meditar.
* Vá com sapatos confortáveis e se quiser, tire-os enquanto estiver sentado.
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