Manteiga vs. margarina: afinal, qual é a escolha mais saudável?
No café da manhã é difícil resistir ao pão com margarina, na hora do cinema a vontade de colocar manteiga na pipoca.... Não há dúvidas que as duas são saborosas, mas em excesso não saudáveis. Responder qual delas é melhor para a saúde não é tão simples assim, então vamos por partes.
Qual é a diferença entre as duas?
A manteiga é de origem animal. Nada mais do que a nata do leite batida, que vira um creme de leite com soro e glóbulos de gordura. A parte líquida é retirada e a parte gordurosa é a manteiga, rica em gorduras saturadas e colesterol.
Já a margarina é de origem vegetal, feita da hidrogenação de óleos vegetais como de milho ou girassol. Nesse processo, uma parte das gorduras insaturadas (mais saudáveis do que as saturadas) da receita se transforma em gordura trans. Este tipo de gordura é pouco comum na natureza, mas costuma ser feito pela indústria para dar cremosidade aos produtos e aumentar a duração. Detalhe, é possível ter um pouco de gordura saturada também.
E vale lembrar que, por serem cheias de gorduras, tanto a manteiga como a margarina são calóricas.
A gordura saturada da manteiga é vilã?
Essa discussão não parece chegar a um fim.
Mas, primeiro, temos que entender que gordura não é sempre ruim para o corpo. O nosso organismo precisa da gordura para, por exemplo, absorver vitaminas como a A, B e K.
Pensando nos benefícios da gordura, nutricionistas dizem que a saturada tem certo potencial para nossa saúde. E por ser de origem animal ela é reconhecida por nosso corpo e digerida com maior facilidade.
A gordura saturada também contém ácidos graxos de qualidade, como o ácido butírico, que é utilizado com frequência para reduzir inflamações do sistema digestivo.
Mas não podemos afirmar que esta é a melhor gordura para o organismo. Ela também pode aumentar tanto o colesterol ruim quanto o bom, e pode acumular nas paredes das artérias, situação que favorece o entupimento e doenças cardíacas com o infarto.
Porém, nem os cientistas conseguem entrar em um acordo se a gordura saturada é maléfica ou não.
Quer ter ideia da polêmica? Um estudo publicado no periódico BMJ em 2016 afirmou que o consumo de gordura saturada aumenta o risco de danos nos vasos sanguíneos do coração. Um ano antes, uma pesquisa divulgada no mesmo jornal científico mostrou que a gordura saturada não está associada ao aumento de morte, doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais ou diabete tipo 2, e afirmou ainda que a gorduras trans é ligada ao maior risco de morte e doença arteriais.
Mas a gordura trans da margarina é pior?
No processo de fabricação da margarina, a ligação da molécula de gordura é alterada, muda de formato e, por passar por essa transformação, recebe o apelido de “trans”.
Sendo de origem vegetal e quimicamente alterada, ela aumenta a dificuldade do corpo em sintetizá-la, e já fica para trás da manteiga. Nosso organismo não está preparado para lidar com esse tipo de gordura e ela pode acumular nos vasos sanguíneos ou em órgãos importantes como o fígado.
Além disso, a gordura trans aumenta o colesterol ruim e diminuiu o colesterol bom, potencializando as chances de inflamação no corpo e os riscos cardiovasculares.
Notando a desconfiança dos consumidores, a indústria resolveu criar um processo que tirasse a gordura trans da margarina, chamado de interesterificação. Assim, o produto ficou livre de gorduras trans ou saturadas e a taxa de gorduras totais pode chegar a zero.
Esses produtos costumam ser mais caros, mais cremosos e podem ter até um selo de aprovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Afinal, escolho a manteiga ou a margarina?
A manteiga foi a vencedora entre as nutricionistas consultadas pela reportagem. Por ser produzida de forma natural e ser melhor digerida pelo corpo, ela é uma opção mais saudável --desde que seja consumida com moderação, por quem não tem problemas de colesterol. No entanto, apenas uma colher de chá por dia é a medida ideal.
Caso você seja diagnosticado com doenças cardíacas ou colesterol, a melhor opção é a margarina sem gordura trans. Assim, mesmo o produto sendo artificial e de origem vegetal, você não corre nenhum risco de agravar suas condições de saúde.
Tente sempre deixar a margarina com gordura trans em último caso. Não teve jeito, sua receita só fica boa com ela? Não tem problema. Controlar as quantidades, não abusar do consumo e ter uma boa alimentação para equilibrar o organismo vão garantir que nada grave aconteça se você comer um pãozinho com margarina vez ou outra.
Fontes: Rosana Perim, gerente de Nutrição do Hospital do Coração, Angélica Maurício, professora doutora em alimentos e nutrição da UFPR (Universidade Federal do Paraná), e Letícia Fontes, nutróloga da clínica Medicina Integrativa, em São Paulo.
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