"Estou orgulhosa de incentivar transexuais a se tornarem atletas também"
Desde criança, a natelense Thaynna Dantas, 28, não sentia a menor vontade de participar das brincadeiras com o irmão mais velho, apesar da insistência dos pais. “Como muitas crianças trans, cresci achando que era gay. Tinha claro que minha atração era por homens, mas foram anos até que me descobrisse uma mulher transexual”, conta Thaynna.
“Comecei a transição de gênero por meio de hormônios, aos 15 anos. Eu sempre tive características físicas consideradas femininas e foi natural que me identificasse com mulheres.” Nessa mesma época, ela começou a trabalhar em uma loja de roupas femininas e foi deixando o cabelo crescer, a se maquiar e a roupas mais justas.
Satisfeita com corpo e características físicas femininas, deixou de lado os hormônios aos 22 anos (“Eles me deixavam muito inchada”). Thaynna trabalhou como modelo em feiras e eventos e, apesar de treinar bastante para manter a definição muscular, não pensava se tornar atleta.
Foi em 2016 que Thaynna passou a treinar para competir
“Quando conheci o personal trainer Roberto Di Lello, em 2016, ele me propôs o desafio de treinar com mais disciplina e a enxugar gordura.” Com 1,75 cm e pesando 89 quilos, ela perdeu 13 quilos em dois meses de treino e dieta intensos e ganhou um corpo ainda mais torneado. Atualmente, Thaynna tem 172 mil seguidores em seu perfil no Instagram.
A competição como atleta fisiculturista se tornou uma possibilidade apenas esse ano, quando a organização dos campeonatos de fitness e lutas Brasil Fitness Show e a MMA Experience se uniram em um mesmo evento e decidiram criar a categoria X Angels. “Nossa intenção é trazer visibilidade para pessoas transexuais e mostrar que são merecedoras de respeito”, diz Celso Leonardo, sócio e organizador.
A primeira competição foi realizada em junho deste ano, apenas para mulheres transexuais e Thaynna Dantas foi a vencedora. “Poder competir e ganhar, em um ambiente tão machista, foi muito importante para mim.”
Estou orgulhosa de incentivar pessoas trans a se tornarem atletas também. Há muitas garotas com shapes incríveis, mas que não tinham espaço.
A visibilidade para pessoas transexuais tem aumentado no meio e até a WFF-WBBF, uma das confederações mais importante do mundo de fisiculturismo, criou um espaço para o debate, durante o campeonato sul-americano realizado em São Paulo, em setembro. Na ocasião, a presidente no Brasil, Gianni de Almeida, convidou Thaynna ao palco e, mesmo sem uma categoria para transexuais, entregou a ela um troféu como reconhecimento por garra. “Foi muito emocionante receber esse reconhecimento.”
Em mais uma etapa do campeonato X Angels, realizada no domingo (15), no Rio de Janeiro, a organização incluiu também homens transexuais, o X Boys. Thaynna competiu com outras quatro participantes e manteve seu título de melhor do ano. “Estava bem preparada, mas confiante do meu potencial. Dois dias antes, cortei carboidratos e só comi proteínas e muita água. 24 horas antes, só tomo um pouco de água. É preciso ter muito foco para não desistir”, finaliza.
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