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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Hipnose pode curar traumas, mas profissional deve ser escolhido com cautela

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Maria Júlia Marques

Do UOL, em São Paulo

18/10/2017 04h10

A palavra hipnose vem acompanhada de muita fantasia. Você pode imaginar um mágico fazendo alguém imitar galinhas, pode lembrar de pessoas que ficam nas ruas oferecendo hipnose com um pêndulo...

Mas, quando o assunto é saúde, a técnica não é nada disso. A hipnose é séria, um recurso médico que ajuda a acessar informações inconscientes e descobrir determinados temas que estão reprimidos e o paciente não consegue se lembrar sozinho e, por isso, precisam de uma mãozinha.

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O método não é individual --ou seja, deve ser feito paralelamente a idas ao psicólogo e psiquiatra-- e serve como instrumento de apoio ao tratamento. Por exemplo, você vai ao psiquiatra e uma história não vem à tona. Se sentir necessidade, o médico, então, recomenda a hipnose pontualmente para esta história e usa os resultados para continuar o tratamento.

O CFM (Conselho Federal de Medicina) especifica que a técnica pode ser utilizada para condições psicossomáticas, liberação de memórias reprimidas, alívio de dor, controle de hábitos (como tabagismo) e para amenizar ansiedade, estresse ou depressão.

E não é qualquer pessoa que pode praticar, não basta ter um curso de hipnose e não ser formado previamente em específicas áreas da saúde. De acordo com o Conselho, a hipnose deve ser “executada por médicos, odontólogos [para dor] e psicólogos, em suas estritas áreas de atuação”. O profissional precisa ter uma base sobre como o cérebro funciona para não desencadear complicações e administrar as consequências da hipnose.

Por exemplo, imagine reviver uma cena trágica como um abuso na infância. Quando o paciente volta a si, precisará de suporte psicológico. Ou, então, quem tem epilepsia pode ficar suscetível a crises durante o procedimento e quem está aplicando a hipnose precisa saber como reagir. Portanto, tenha cuidado na escolha do profissional, já que há muitos no mercado prometendo curas rápidas e pontuais para problemas graves. Hipnose não faz milagres e é assunto sério.

Como entrar em ‘transe’?

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Durante o procedimento, o ideal é baixar o nível de consciência e ficar em um estado entre o acordado e o dormindo, de acordo com Marco Antônio Brasil, chefe do serviço de psiquiatria e psicologia médica do hospital universitário Clementino Fraga Filho, no Rio de Janeiro.

Várias técnicas podem ser usadas para isso e a mais frequente é a de deixar o ambiente aconchegante, fechar os olhos, respirar fundo e ouvir o médico falar: “Foque só na minha voz”.

Ao ser guiado ao estado de hipnose, o paciente sente uma sonolência, os níveis dos hormônios de estresse caem e há o desligamento de radares cerebrais que funcionam quando estamos acordados e em plena consciência. Para decifrar a sensação, pense no sentimento de quando você entra no ônibus e começa a "viajar na maionese", vendo o trânsito, a chuva, os carros passando e, quando nota, já passou seu ponto. Você desliga acordado.

Nesse estado, o paciente passa a confiar quase que incondicionalmente no médico e fica mais aberto a sugestões, mais sujeito a ser influenciado. Mas não precisa ter medo, achando que obedecerá cegamente quem está ao seu lado. “A pessoa está ciente do que acontece, ela tem uma diminuição do senso crítico, mas ele funciona. Por exemplo, se estou em hipnose e meu médico desmaia, corro para socorrê-lo”, diz Osmar Colas, coordenador do grupo de estudos de hipnose da Unifesp, em São Paulo.

O profissional usa a sensibilidade da situação para modular os temas e criar respostas corporais. Se estiver analisando seus hábitos alimentares, por exemplo, ele pode pedir para você pensar em um brigadeiro. Você tem respostas psicológicas, uma memória narrativa (a imagem do doce) e emocional (se gosta ou não), e ainda respostas físicas, como estímulo da saliva. Investigando as reações, o profissional compreenderá melhor o quadro e, assim, poderá ajudar o paciente a superar a compulsão.