Esqueça palavra cruzada: para ter a mente ativa, busque novas experiências
Você gostaria de viver 100 anos? Segundo Pedro Calabrez, professor e pesquisador de neurociências da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a resposta que sempre escuta para essa pergunta é: “Depende da minha qualidade mental até lá. Se minha memória e tomada de decisão forem as mesmas, sim”.
Em uma palestra durante o 12º Fórum da Longevidade, ocorrido nesta quarta-feira (18), em São Paulo, Calabrez comentou a importância de uma mente ativa para uma longevidade saudável. “E não pense que o caça palavras ou o sudoku vão ajudar você a ficar longe do Alzheimer”, brincou.
O maior inimigo do cérebro ativo é a acomodação. E para manter o cérebro funcional, você precisa aprender coisas novas. A palavra cruzada é legal no começo, mas depois que você aprende e se adapta, deve focar em aprender algo novo.
Segundo ele, além do aprendizado constante, existem três elementos básicos essenciais para uma mente saudável:
- Atividade física regular, pois corpo e cérebro se complementam;
- Alimentação saudável, principalmente a famosa dieta mediterrânea, concentrada em vegetais, carnes brancas e gorduras saudáveis;
- Sono, porque dormir pouco ou muito mata. O sono é um processo de regulação corporal importantíssimo.
Imediatismo é o maior inimigo da mente saudável
Daqui a 30 anos, a maior prevalência de Alzheimer no mundo será na América Latina. “E, dentro desta parte do continente, o Brasil. Nosso país está envelhecendo mal. O brasileiro é sedentário e se alimenta mal, com pouca fibra e vegetais e come muita carne vermelha”, disse Calabrez.
O pesquisador ainda alerta para o fato de o brasileiro não se manter intelectualmente ativo. E o culpado por esse comportamento é justamente o imediatismo. “Queremos tudo para agora, do fast-food às fórmulas prontas de barriga chapada e felicidade instantânea. Isso se espelha em uma realidade que quer respostas rápidas e simples para perguntas complexas.”
Segundo ele, nunca houve tanto conhecimento sobre alimentação saudável e atividade física regular. Mas o que aprendemos só tem alguma função quando altera a forma como você se comporta e age. O ideal é evitar a preguiça para aprender coisas novas e desafiar o cérebro diariamente, gastando energia.
Calabrez conclui: “No fim das contas, somos insignificantes, passageiros, mas somos especiais pela capacidade do ser humano de adquirir conhecimento. Só somos melhores que os animais, porque nos mantemos ativos. Aprenda e continue aprendendo, não se sujeite ao imediatismo. Acomodação é morte.”
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