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Longevidade

Práticas e atitudes para uma vida longa e saudável


Esqueça palavra cruzada: para ter a mente ativa, busque novas experiências

"Do ponto de vista da ciência, se você for bom em palavra cruzada, será apenas bom em palavra cruzada e só", diz Pedro Calabrez - iStock
"Do ponto de vista da ciência, se você for bom em palavra cruzada, será apenas bom em palavra cruzada e só", diz Pedro Calabrez Imagem: iStock

Gabriela Ingrid

Do UOL, em São Paulo

18/10/2017 17h09

Você gostaria de viver 100 anos? Segundo Pedro Calabrez, professor e pesquisador de neurociências da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a resposta que sempre escuta para essa pergunta é: “Depende da minha qualidade mental até lá. Se minha memória e tomada de decisão forem as mesmas, sim”.

Em uma palestra durante o 12º Fórum da Longevidade, ocorrido nesta quarta-feira (18), em São Paulo, Calabrez comentou a importância de uma mente ativa para uma longevidade saudável. “E não pense que o caça palavras ou o sudoku vão ajudar você a ficar longe do Alzheimer”, brincou.

O maior inimigo do cérebro ativo é a acomodação. E para manter o cérebro funcional, você precisa aprender coisas novas. A palavra cruzada é legal no começo, mas depois que você aprende e se adapta, deve focar em aprender algo novo.

Segundo ele, além do aprendizado constante, existem três elementos básicos essenciais para uma mente saudável:

  1. Atividade física regular, pois corpo e cérebro se complementam;
  2. Alimentação saudável, principalmente a famosa dieta mediterrânea, concentrada em vegetais, carnes brancas e gorduras saudáveis;
  3. Sono, porque dormir pouco ou muito mata. O sono é um processo de regulação corporal importantíssimo.

Imediatismo é o maior inimigo da mente saudável

Daqui a 30 anos, a maior prevalência de Alzheimer no mundo será na América Latina. “E, dentro desta parte do continente, o Brasil. Nosso país está envelhecendo mal. O brasileiro é sedentário e se alimenta mal, com pouca fibra e vegetais e come muita carne vermelha”, disse Calabrez.

O pesquisador ainda alerta para o fato de o brasileiro não se manter intelectualmente ativo. E o culpado por esse comportamento é justamente o imediatismo. “Queremos tudo para agora, do fast-food às fórmulas prontas de barriga chapada e felicidade instantânea. Isso se espelha em uma realidade que quer respostas rápidas e simples para perguntas complexas.”

Segundo ele, nunca houve tanto conhecimento sobre alimentação saudável e atividade física regular. Mas o que aprendemos só tem alguma função quando altera a forma como você se comporta e age. O ideal é evitar a preguiça para aprender coisas novas e desafiar o cérebro diariamente, gastando energia.

Calabrez conclui: “No fim das contas, somos insignificantes, passageiros, mas somos especiais pela capacidade do ser humano de adquirir conhecimento. Só somos melhores que os animais, porque nos mantemos ativos. Aprenda e continue aprendendo, não se sujeite ao imediatismo. Acomodação é morte.”