Estudo associa 13 tipos de câncer a excesso de peso
Muitas mortes por câncer foram impedidas depois que milhões de pessoas largaram o tabaco, mas elas agora estão crescendo, porque um número ainda maior não consegue controlar o tamanho da barriga. Agora, obesidade e tabagismo continuam sendo as principais causas de mortes evitáveis nos Estados Unidos.
Ao analisar mais de mil estudos, a Agência Internacional para Pesquisa do Câncer, da Organização Mundial de Saúde, e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, associaram o risco de desenvolver 13 tipos de câncer ao sobrepeso e à obesidade, principalmente os que estão sendo diagnosticados em números crescentes entre os jovens.
Entre eles, estão câncer de esôfago, fígado, vesícula biliar, cólon e reto, estômago superior, pâncreas, útero, ovário, rim e tireoide; câncer de mama em mulheres em pós-menopausa; meningioma e diversos mielomas. Somente no caso de câncer colorretal a incidência caiu, principalmente como resultado do aumento de exames e pela remoção de pólipos pré-cancerosos.
Risco de câncer cresce de acordo com excesso de peso
Segundo os estudos, na maioria dos casos, o risco de câncer crescia na proporção direta do grau de peso em excesso. Trocando em miúdos, quanto mais pesado se é, maior a probabilidade de que a pessoa desenvolverá um desses cânceres muitas vezes fatais.
Entre 2005 e 2014, conforme o CDC informou em outubro, houve um aumento anual de 1,4% em casos de câncer relacionados a sobrepeso e obesidade entre pessoas com idades entre 20 e 49 anos, e um acréscimo de 0,4% desses cânceres entre pessoas entre 50 e 64 anos.
"Quase metade de todos os casos de câncer em pessoas com até 65 anos estavam associados a sobrepeso e obesidade", relataram especialistas do CDC ao periódico JAMA. E, dada a presente "prevalência de sobrepeso e obesidade entre adultos, crianças e adolescentes", eles previram que o futuro terá novos acréscimos de cânceres ligados ao peso e de mortes causadas por esse mal entre os norte-americanos.
Médicos devem avaliar IMC de crianças e adultos
Os especialistas fizeram um apelo para que os médicos que atendem crianças e adultos se empenhem e dediquem mais tempo a avaliar o índice de massa corporal (IMC) e a aconselhar os pacientes a respeito de evitar ou reduzir o excesso de peso. O resultado em termos de saúde, vida e economia de dinheiro muito provavelmente superariam os custos das medidas adotadas pela saúde pública e a sociedade como um todo para conter o crescimento da cintura nos Estados Unidos.
Sem dúvida, não são apenas os casos e as mortes por câncer que esse esforço poderia impedir. O sobrepeso e a obesidade, em especial, são dois grandes fatores de risco para o diabetes tipo 2, doença cardíaca e acidente vascular, pressão alta, osteoartrite, gota, doença da vesícula biliar e distúrbios respiratórios, como apneia do sono e asma.
Entretanto, mesmo quando os custos de avaliação de peso e orientação são totalmente cobertos pelo seguro-saúde, parece que raramente são feitas. Em novembro de 2011, o governo Obama ofereceu orientação gratuita para perda de peso a idosos obesos pelo sistema de saúde pública. Ainda disponível, o benefício era aplicável a aproximadamente 30% dos beneficiários do sistema com IMC igual a 30 ou mais.
120 mil idosos, o que representa menos de 1% dos que teriam direito ao benefício, se aproveitaram dele, em uma resposta que especialistas em emagrecimento qualificaram de "muito decepcionante" e de "uma grande oportunidade perdida".
A cobertura grátis inclui orientação semanal durante o primeiro mês, sessões quinzenais de dois a seis meses, e sessões mensais por mais um semestre para quem tiver perdido pelo menos três quilos até o sexto mês. Os participantes que não atingissem a meta podem ter uma nova chance seis meses depois, sem limitação de quantas vezes podem usar esse benefício se o IMC for 30 ou mais.
Certamente, muitas das pessoas com problemas sérios com gordura já devem ter tentado perder peso e fracassado, mantendo distância de programas do gênero, o que os leva a pensar que existe pouca esperança de que outra tentativa resulte em sucesso. Todavia, vale a pena observar que, para a maioria das pessoas que conseguiram largar o cigarro foram necessárias, em média, de oito a 30 tentativas.
Controlar a obesidade em jovens adultos deveria ser prioridade
A culpa pelo fracasso em emagrecer pode ser tanto de profissionais médicos quanto dos pacientes. Muitos clínicos-gerais têm pouco ou nenhum treinamento sobre como orientar os pacientes que precisam perder peso. Alguns me disseram temer que os pacientes não voltem caso se concentrem na necessidade de emagrecer. E os pacientes costumam se sentir repelidos pelo que consideram ser atitudes negativas dos profissionais de saúde em relação a pessoas com problemas de peso.
Uma pesquisa on-line realizada por pesquisadores do Centro Rudd de Política Alimentar e Obesidade, da Universidade de Yale, revelou que as pessoas consideram estigmas termos como "obeso", "gordo" e "obesidade mórbida" e culpam a linguagem utilizada pelos médicos. Quase um participante em cinco afirmou que evitaria novas consultas médicas e 21% declararam que procurariam um médico novo, caso se sentissem estigmatizados quanto ao peso.
Apesar da oportunidade oferecida pela saúde pública, existe uma necessidade crescente de atacar as questões de peso mais cedo na vida. Pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Harvard informaram ao JAMA, em julho, que 23% das mulheres e 13% dos homens engordaram pelo menos 20 quilos entre os 18 e os 55 anos. E o doutor William H. Dietz, do CDC, que observou em editorial publicado naquela edição que "o câncer relacionado à obesidade em homens e mulheres estava ligado ao ganho moderado de peso durante a vida adulta", acrescentou que "tentativas de impedir e controlar a obesidade em jovens adultos deveria ser considerada uma prioridade alta".
Dietz também destacou a duplicação da prevalência de obesidade entre crianças de seis a 11 anos, agora em 17%, e de jovens adultos, de 20 a 29 anos, agora em 34%.
Por que tantos norte-americanos jovens têm um sobrepeso tão grave? O predomínio de comidas calóricas e os cortes de recursos em atividade física dentro e fora das escolas não são os únicos motivos. O problema pode ter início assim que os bebês são desmamados e conseguem ingerir alimentos sólidos. Com muita frequência, pais e cuidadores, buscando manter as crianças quietas, os enchem de petiscos o dia todo, criando um impulso oral ligando conforto e comida que vai durar a vida toda.
E, para muitos, um risco elevado de desenvolver e morrer de câncer.
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