Por que ficamos doentes mesmo tomando vacina contra a gripe?
A gente vai lá, toma vacina para não sofrer com os efeitos da gripe e, pronto, quando vemos, já estamos doentes. Como será que isso é possível? De acordo com Artur Timerman, mestre em infectologia pela USP e consultor da Condor, tal afirmativa é fruto de um desconhecimento geral. "Como é composta por partículas de vírus mortos, não existe nenhuma possibilidade de alguém ficar gripado devido à vacina", garante.
Na verdade, são essas partículas que provocam a resposta imunológica em nosso organismo, produzindo proteção contra a doença. "O que pode acontecer é a pessoa ser alérgica à algum componente da fórmula ou estar incubando a gripe e, coincidentemente, tomar a vacina, manifestando os sintomas depois, que são erroneamente associados à vacina", diz a infectologista Adreia Maruzo.
Outro detalhe: a proteção ocorre efetivamente de duas a três semanas após a vacinação. "Ou seja: nesse período o indivíduo não está efetivamente protegido contra a doença ainda", explica Reynaldo Quagliato Júnior, pneumologista e professor do curso de Medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic.
A vacina possui efeitos colaterais?
Sim, sendo o mais comum dor e inflamação no local da injeção. Nos estudos clínicos, os eventos adversos graves foram muito raros. O que pode ocorrer, mas são incomuns, são sintomas como dor de cabeça, febre, náuseas, tosse, irritação no olhos e dor muscular. A diferença é a curta duração, pois passam em dois ou três dias.
Serve para resfriado também?
Não. Gripe e resfriado são doenças distintas e causadas por vírus diferentes. Contudo, como partilham vários sintomas, muitos pensam que são a mesma coisa. Além de bastante comuns, ambas surgem por culpa de vírus e causam coriza, tosse e espirros, também tendo formas de contágio semelhantes e facilmente transmissíveis de uma pessoa para outra. Só que as semelhanças terminam por aí.
A gripe é uma infecção mais forte do que o resfriado, costuma durar menos tempo e apresenta maior taxa de complicações, como problemas pulmonares e cardíacos. Também pode ser perigosa em idosos, bebês e pessoas com imunidade baixa. O resfriado, por sua vez, raramente causa complicações.
Preciso mesmo tomar a vacina todos os anos?
Sim. Max Igor Banks Lopes, infectologista do Hospital Santa Catarina, em São Paulo (SP), explica que existe um trabalho de monitoramento do vírus Influenza, feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A ideia é tentar definir qual será a mutação que vai predominar nos meses de maior transmissão e soltar o padrão para a indústria meses antes, a tempo da vacina ser produzida.
Mesmo existindo essa "loteria", é muito importante tomar a vacina anualmente. "Muitos estudos comprovam que ela diminui os casos graves da gripe, mesmo não dando necessariamente 100% de proteção", explica o especialista. "Ainda assim, dá uma imunidade parcial importante: você até pode pegar, mas não será tão grave quanto seria se estivesse sem a vacina."
Como me livrar logo da gripe?
A melhor forma é investir em uma vida saudável antes de ser pego pelo vírus. Isso porque, uma vez adquirida a doença, a evolução vai depender unicamente do sistema imune da pessoa. "Repouso, alimentação balanceada, hidratação adequada, antitérmicos, antiinflamatórios costumam fazer um bom trabalho no combate dos sintomas", diz o infectologista Haroldo Rodrigues.
Já os antibióticos só devem ser tomados somente com ordem médica, pois são efetivos apenas contra bactérias e não contra vírus. Até existe um antiviral específico para a gripe --o fosfato de oseltamivir, ou Tamiflu, que acelera a recuperação e previne complicações. Mas, como a doença costuma ir embora sozinha depois de uma semana, mais ou menos, o médico acaba prescrevendo apenas remédios que controlam o mal-estar e outros sintomas.
Ah, também é bom evitar ambientes fechados, lavar as mãos com frequência, fazer a limpeza adequada dos ambientes e ainda deixá-lo ventilando. "Todos comportamentos que melhoram a saúde e a qualidade de vida fazem com que respondamos mais prontamente às viroses e demais doenças", diz o médico homeopata Roberto Debski.
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