Bebê sofreu queimaduras com água fervente; saiba o que fazer em casos assim
As férias de uma família de Minas Gerais quase viraram tragédia quando o filho mais novo, Lorenzo, de um ano, derrubou em si mesmo a água que fervia em uma cafeteira no fogão. Além de ter o rosto totalmente atingido por queimaduras de 2º grau, outros 25% do tórax e do abdome, segundo a mãe, também foram lesionados.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, cerca de um milhão de pessoas sofrem queimaduras no Brasil a cada ano, sendo que a maioria das vítimas são crianças e pessoas de baixa renda. O próprio Sistema Único de Saúde (SUS) registrou mais de 15 mil casos de internação por queimadura em crianças de até 10 anos no período entre 2013 e 2014.
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O dermatologista Samuel Mandelbaum, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), conta ao VivaBem que o tipo de queimadura mais comum nesse faixa etária é por água ou óleo. "Geralmente o adulto está fritando algo na panela e respinga na criança. Também acontece de ela se pendurar no fogão e a panela virar com o líquido fervendo", diz.
Aconteceu, e agora?
Em casos de um acidente do tipo, o primeiro cuidado é extinguir a fonte de calor, ou seja, impedir que permaneça o contato com o corpo da pessoa afetada. A dica é mesma para queimaduras causadas por água ou objeto quente: o primeiro tratamento está na geladeira mais próxima. Usar a versão gelada do líquido ou gelo ajuda a parar a dor quase que instantaneamente.
"Além disso, a água gelada já auxilia a lavar a queimadura, se ela estiver suja com alguma outra coisa, como óleo ou o pó do café que estava sendo preparado", explica. Vale ainda colocar o ferimento em água corrente em temperatura ambiente, ou mesmo molhar um pano ou botar a mão dentro de uma vasilha com água gelada e gelo.
Jamais passe no local atingido qualquer tipo de produto ou mesmo receita caseira, pois pode irritar ainda mais a pele queimada. Também existe o alto risco de infecção por bactérias, fungos e vírus presentes nesses produtos, pois a pele, barreira natural do organismo, está danificada. "Já teve criança que sofreu convulsão porque aplicaram pomada anestésica no ferimento e o organismo absorveu o medicamento, que funcionou como uma anestesia geral", lembra Mandelbaum. "Quanto menos coisa colocar, melhor".
Como fica a pele?
As queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho. A de 1º grau é superficial, pois envolve apenas a epiderme, camada mais superficial da pele. Os sintomas são intensa dor e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando tocada. Geralmente, melhoram no intervalo de três a seis dias, podem descamar e não deixam sequelas.
Já a de 2º grau pode ser superficial ou profunda. A primeira é aquela que envolve a epiderme e a porção mais superficial da derme. Possui os mesmos sintomas que a queimadura de 1º grau, incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida da lesão. A cura é mais demorada e pode levar até três semanas, mas não costuma deixar cicatriz, apesar de o local da lesão ficar um pouco mais claro do que a pele ao redor.
As queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que acometem toda a derme, sendo parecida com as de 3º grau. Como há risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura, que é bem mais grave, pode até doer menos do que as mais superficiais. "Isso acontece porque o nervo, que causa a sensação de dor, já não existe mais ou foi danificado de forma permanente", explica.
O dermatologista ainda lembra que o grande problema das queimaduras mais graves é que nunca se sabe como será o processo de cicatrização, e se elas deixarão grandes marcas ou não. Mas uma coisa é certa: quanto maior é a extensão do dano, maior a gravidade. "Em um caso assim, é provável que a pessoa perca anexos da pele, como glândulas de suor e de gordura, o que faz com que ela não consiga mais ter a pele lisinha de antes do acidente na região do ferimento", ressalta.
Todo cuidado é pouco
A Sociedade Brasileira de Queimaduras dá algumas dicas para evitar acidentes do tipo:
• Nunca deixe as crianças sozinhas na cozinha, não permita que elas cozinhem e nem cozinhe com elas no colo;
• Sempre deixe os cabos das panelas virados para a parte de trás do fogão, longe do alcance dos pequenos;
• Não forre a mesa com toalhas de pontas compridas, que possam ser puxadas.
• Teste a temperatura dos alimentos antes de oferecer às crianças.
• Procure conscientizá-los sobre os perigos das queimaduras, ensinando-os algumas atitudes de prevenção.
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