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Tomar vitamina B ou própolis repele o mosquito da febre amarela?

Marcia Di Domenico

Colaboração para o VivaBem

24/01/2018 15h31

Quase todo mundo já ouviu a recomendação e, se não testou, teve vontade de tomar vitamina B1 na expectativa de escapar de picadas de mosquitos. E agora que está em alta a preocupação com a febre amarela, a busca por alternativas para manter os insetos voadores bem longe aumentou. Isso abriu espaço para as pessoas divulgarem outras táticas que prometem espantar mosquitos, como tomar água ou suco com própolis. Mas, para proteger sua saúde, é importante saber o que realmente funciona.

Vitaminas do complexo B evitam picadas de mosquito?

A informação de que ingerir doses diárias de vitamina B1 faz o corpo exalar um cheiro que repele insetos começou a circular nos anos 1960, quando estudos sugeriam que o método era eficiente. Porém, trabalhos científicos realizados depois nunca comprovaram isso

Uma pesquisa brasileira feita com militares em missão na Amazônia testou a ação de diversas alternativas de repelente, entre elas a suplementação de vitamina B por via oral. A parcela do grupo que experimentou essa opção considerou a proteção insuficiente. Os resultados foram publicados nos Anais Brasileiros de Dermatologia, publicação oficial da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Então, não conte com o nutriente para se prevenir de picadas do Aedes aegypti  ou de qualquer inseto.

E o própolis?

É um remédio natural amplamente estudado. Existe comprovação de que a substância reforça a imunidade, cura infecções respiratórias e feridas na pele – além de possuir outros atributos. Porém, não há registros de que a ação repelente do própolis tenha sido testada. 

A informação de que tomar água ou suco com três a seis gotas de própolis espanta mosquitos circulou fortemente nas redes sociais no início de 2017, quando vários casos de dengue foram registrados no Brasil. Os boatos diziam que uma farmacêutica da Fiocruz declarou que o uso de própolis seria eficiente para repelir o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue e da febre amarela urbana. Na mesma época, a Fundação emitiu uma nota explicando que “essa afirmação não tem fundamentação científica e que nenhum pesquisador da instituição fez afirmações sobre o uso de substâncias naturais para afastar mosquitos”.

A dose de própolis sugerida como eficiente pelas pessoas torna o boato ainda mais absurdo. É necessária uma quantidade bem maior para que a substância faça qualquer efeito no organismo e seja exalada pelo corpo.

Não há, até o momento, qualquer alimento com ação repelente comprovada. A melhor arma para afastar mosquitos transmissores de doenças é o uso de repelentes tópicos.

Fontes: Paulo Olzon Monteiro da Silva, médico e professor das disciplinas de clínica médica e infectologia da Unifesp; Adriana Proença, médica infectologista do Hospital São Camilo, em São Paulo; e Giovanna Oliveira, nutricionista da clínica Dra. Maria Fernanda Barca, em São Paulo. ]

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