Brasil pode ter de 3 a 5 vezes mais casos de hanseníase do que diz OMS
“A hanseníase continua a ser uma doença negligenciada, com o maior número de casos na Índia, no Brasil e na Indonésia”, alertou o Alto Comissariado da United Nations Human Rights em um documento divulgado no domingo (28). De acordo com o manifesto, falta diagnóstico e acesso a um tratamento de qualidade.
Segundo especialistas, os números oficiais da doença ainda estão desatualizados. Em um artigo publicado na última sexta-feira (26) na revista The Lancet Infectious Diseases, hansenologistas ligados à Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) afirmaram que 530 milhões de pessoas moram em países ‘em desenvolvimento’, região que a OMS apresenta como ‘sem registro’ de casos de hanseníase desde 2016.
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Entretanto, de acordo com a SBH, o Brasil continua com alto índice de diagnósticos de hanseníase e o número real em território nacional pode ser de 3 a 5 vezes maior que os dados oficiais.
Doença é transmitida pelo ar
A hanseníase é uma doença infecciosa causada por uma bactéria que tem uma espécie de atração pelos nervos, principalmente os da pele. “Seu grande problema é que a evolução é muito longa, variando de cinco a 10 anos para se manifestar e prejudicando o diagnóstico”, disse Marco Andrey Cipriani Frade, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e vice-presidente da SBH, ao Jornal da USP.
A transmissão se dá pelas vias aéreas superiores. As partículas contaminadas se espalham por meio da fala, da tosse, do espirro ou do bocejo. Assim que a bactéria entra na região nasal ou bucal, ela vai para a corrente sanguínea e procura por um nervo para se alocar. “Ali ocorre uma reação imunológica. Estudos mostram que 90% das pessoas vão ter defesas contra o bacilo e não vão adoecer”, diz Frade.
Já os outros 10% terão um ambiente propício para que a bactéria se multiplique nos nervos por anos até perceberem os sintomas. Os mais comuns são perda de sensibilidade, ou seja, o paciente não consegue mais identificar o quente e o frio, a dor, o tato, e as vezes também pode evoluir para alterações motoras, como ter dificuldades de mexer os dedos da mão. Lesões na pele avermelhadas, esbranquiçadas ou nódulos também podem aparecer.
Diagnóstico precoce é essencial
Como a doença demora para aparecer, é difícil fazer seu diagnóstico precocemente e evitar que as bactérias continuem se espalhando pelo ar. “Para se ter uma ideia da sua importância, a partir de 48 horas de tratamento a doença perde seu potencial de transmissão”, diz Frade.
A hanseníase tem cura e o tratamento é à base de antibióticos, que pode durar de seis a 12 meses, dependendo da quantidade de bacilos presentes no paciente. “A vacina BCG também é importante. Por mais que ela não garanta a prevenção, oferece uma certa proteção para que a doença não se torne algo mais grave.”
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