Aprender novo idioma protege o cérebro de alterações causadas por Alzheimer
Quando foi a última vez que você aprendeu uma coisa nova? Se você não se lembrar, é melhor tomar cuidado. A mente ativa é essencial para garantir uma longevidade saudável.
Em uma palestra durante o 12º Fórum da Longevidade, em outubro de 2017, Pedro Calabrez, professor e pesquisador de neurociências da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), comentou que, para manter o cérebro funcional é preciso estudar coisas novas —e aprender novas línguas é uma das melhores formar de se fazer isso.
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"Ser bilíngue retarda o surgimento dos sintomas do Alzheimer em até cinco anos", disse Calabrez. "Quando você aprende uma segunda língua, o mundo inteiro passa a ter um novo significado para o cérebro. A cadeira onde você está sentado não é só mais uma cadeira, ela passa a ser uma cadeira e uma "chair"."
Os benefícios de ser bilíngue não param apenas na prevenção do Alzheimer. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Concórdia, no Canadá, uma segunda língua também pode fazer bem a pacientes já diagnosticados com a doença ou com comprometimento cognitivo leve (CCL), um estado de risco para o Alzheimer.
Publicada no periódico Neuropsychologia na terça-feira (6), a pesquisa analisou dados de ressonância magnética de alta resolução de 34 pacientes monolíngues com CCL , 34 pacientes multilíngues com CCL, 13 pacientes monolíngues com Alzheimer e 13 pacientes multilíngues com Alzheimer.
Os cientistas investigaram áreas de controle de linguagem e cognição nas regiões frontais do cérebro e estruturas do lóbulo temporal medial, importantes para a memória e conhecidas pela atrofia em pacientes com CCL e Alzheimer.
Nos resultados, os voluntários multilíngues exerceram regiões específicas do cérebro e aumentaram a espessura do córtex e a densidade da massa cinzenta.
"Nossas descobertas contribuem para pesquisas que indicam que falar mais de uma língua é um dos fatores de estilo de vida que contribuem para a reserva cognitiva", diz Natalie Phillips, professora do Departamento de Psicologia da universidade e uma das autoras do estudo.
A pesquisadora e sua equipe já estão realizando novos estudos com base em seus achados. "Nossa pesquisa sugere que as pessoas multilíngues são capazes de compensar a perda de tecido relacionada ao Alzheimer, acessando redes alternativas ou outras regiões do cérebro responsáveis pelo processamento de memória. Nós estamos investigando ativamente essa hipótese agora", disse Phillips.
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