Qual é a diferença entre coach e psicólogo e quando procurar um ou outro?
Quem acompanha a novela "O Outro Lado do Paraíso" viu o drama da personagem Laura (Bella Piero), que descobriu que era abusada pelo padrasto na infância. A cena foi duramente criticada, porque quem aplicou a hipnose na personagem foi uma advogada com uma formação em coach.
O enredo causou estranheza: afinal, quem é coach pode tratar um trauma psicológico? Segundo os próprios coaches, a resposta é não. “O coaching se trata de uma metodologia que apoia o indivíduo na construção daquilo que ele quer para si, como um projeto, uma conquista, um propósito. O passado de cada um, assim como seus traumas, não são nossos objetos de trabalho”, explica Iaci Rios, diretora do Erickson College (organização mundial que oferece programas de formação na área) no Brasil.
O diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), Marcus Marques, confirma: “Trauma proveniente de abuso sexual não é demanda para coaching”.
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E, afinal, o que o coach faz?
Polêmicas à parte, a cena pode ter gerado dúvidas em quem assistiu. Afinal, qual é o trabalho do coach? E o do psicólogo? Vamos lá: a função do primeiro, em linhas gerais, é dar apoio e orientação para quem busca crescimento pessoal ou profissional.
Portanto, estão dentro desse escopo ajudar o cliente a identificar potencialidades, talentos, metas e desafios para o futuro, assim como mostrar caminhos de como essas competências podem ser desenvolvidas. Empresas também costumam contratar coaches para preparar profissionais prestes a serem promovidos ou para orientar equipes que precisam melhorar o desempenho.
Como encontrar um bom coach?
A oferta é grande por aí. Por isso, é importante tomar cuidado com a escolha. “Antes de mais nada, busque referências no mercado sobre os melhores profissionais nesta especialidade e converse com quem já passou pelo processo e teve resultados satisfatórios”, indica Rios. Outro critério de avaliação pode ser o tempo de experiência do profissional em coaching (quanto mais tempo trabalhando, maior a experiência), além do perfil de clientes com quem ele trabalha, que, de preferência, deve ser similar ao de quem está na busca.
Por fim, procure saber qual é a certificação do profissional para exercer o coaching. “É importante que o especialista esteja habilitado para atuar como coach e que esta habilitação seja feita, se possível, por uma escola credenciada junto à International Coach Federation (ICF). Somente essas escolas podem aferir se uma pessoa apresenta as competências necessárias para atuar profissionalmente como coach, de acordo com os padrões internacionais desta atividade."
Um coach pouco qualificado pode causar um dano tão grave ao seu cliente quanto o de um médico ou um psicólogo mal treinados.
Iaci Rios
É bom ter em mente também que, ao final do trabalho, o cliente deve obter o resultado desejado quando contratou o especialista. Se, por exemplo, a ideia era obter mais clareza para seu projeto de carreira, ele precisa ter esse caminho definido no fim do processo.
Rios lembra, no entanto, que há limites para a atuação deste tipo de profissional. “Se, durante as sessões, ele perceber que o cliente tem questões psicológicas que o impedem de seguir em frente naquilo que busca, ele deve indicar um acompanhamento psicológico”, explica. “O coach procura apoiar o indivíduo na identificação e construção do que quer para seu futuro imediato ou de médio e longo prazos”, resume.
E o psicólogo?
A psicologia trata da prevenção e do tratamento das vulnerabilidades, conflitos em relacionamentos de diversas naturezas e situações de estresse, assim como de episódio traumáticos, como perdas, lutos e outros. É uma profissão da área da saúde e, diferentemente do coaching, regulamentada por lei e com cursos reconhecidos pelo MEC (Ministério da Educação).
Existem muitos psicólogos que também são coaches, mas separam os campos de atuação, justamente pela diferença de objetivos e metodologia. Ao buscar um profissional dessa área, cheque sua formação, que tipo de trabalho desenvolve e se possui registro no Conselho Regional de Psicologia.
O psicólogo clínico pode seguir diferentes abordagens teóricas --o que vai modificar a sua compreensão acerca do sofrimento humano e sua maneira de atender ao paciente. As principais correntes são: psicanálise, fenomenologia e terapias cognitivas e comportamentais.
Em linhas gerais, a principal diferença é que a terapia age como um todo na personalidade de quem procura tratamento e o coaching ajuda a pessoa em situações específicas.
Rosane Granzotto, integrante do Conselho Federal de Psicologia, de Florianópolis (SC) também foi consultada para esta reportagem.
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