Cães e gatos dão suporte emocional aos donos ou é coisa da nossa cabeça?
Você já deve ter ouvido a história de alguém que foi “consolado” por um gato ou cachorro quando estava triste. Quem tem animais de estimação sabe que, além de renderem boas risadas, os bichinhos dão carinho e afeto de sobra aos seus donos. Mas será que eles trazem realmente algum benefício para a saúde mental das pessoas?
Segundo especialistas consultados pela reportagem, sim. E se você era cético sobre esses relatos de bichinhos que davam suporte emocional, melhor dar uma chance até para aquele hamster do seu primo ou sobrinho.
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Um estudo da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, publicado no periódico BMC Psychiatry, analisou 17 pesquisas sobre o assunto e mostrou que os pets beneficiam pessoas com distúrbios mentais. Os dados observaram o efeito de gatos, cães, hamsters, passarinhos e até peixinhos dourados no bem-estar de pessoas com transtornos mentais.
No geral, a pesquisa descobriu que os bichos de estimação ajudaram os participantes a gerenciar suas emoções e ofereceram distração às pessoas. “Os animais oferecem aceitação sem julgamento, dando o suporte incondicional que os participantes quase nunca recebiam de seus familiares ou de suas relações sociais”, concluiu Helen Louise Brooks, uma das autoras.
Bichos dão novo significado à vida dos donos
De acordo com Yuri Busin, psicólogo e diretor do CASME (Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio), em São Paulo, os bichinhos podem ser um fator que reforça o tratamento de pessoas com transtornos mentais comuns hoje em dia, como a ansiedade e depressão. “Ter um animal dá uma sensação de responsabilidade, de pertencimento. Uma das questões da depressão é que você perde o sentido da vida, mas o bicho devolve isso à pessoa, dá significado.”
Busin ainda afirma que os animais dão uma função à pessoa, ajudando-a a resolver tarefas do dia a dia, rotina que às vezes é um fardo para quem tem depressão.
Alguns donos de animais ouvidos pelos cientistas disseram que os pets os forçaram a sair de casa e até a fazer alguma atividade física. Além disso, os bichos também encorajaram alguns dos donos a manterem interação social com outras pessoas e estreitarem laços.
"Eu estava tão deprimido e era um pouco suicida”, disse um dos pacientes no estudo de Louise Brooks. “O que me fez parar foi pensar o que meus coelhos fariam sem mim."
Outro voluntário relatou que o bem-estar é recíproco: "Quando meu animal de estimação vem e se deita ao meu lado durante a noite, é como se ele precisasse de mim tanto quanto eu preciso dele."
Terapia com animais é usada em hospitais e instituições
O impacto dos animais na saúde mental das pessoas é, inclusive, usado como tratamento em hospitais. Chamada de Terapia Assistida por Animais, ou TAA, esse método faz com que pacientes em tratamento entrem em contato com cães, gatos e coelhos para melhorar seus quadros de saúde.
“No trabalho de TAA, os animais dão suporte emocional para pessoas em situação de vulnerabilidade no geral, não somente com transtornos mentais”, explica Tatiane Ichitani, coordenadora do Instituto Cão Terapeuta, em São Paulo.
De acordo com Tatiane, o contato e as trocas afetivas possibilitam acolhimento em um momento difícil, permitindo elaboração de sentimentos e emoções, além de alterações fisiológicas como liberação de hormônios de bem-estar, diminuição de batimentos cardíacos e pressão arterial.
A ONG é apenas um dos diversos institutos de terapia com bichos que realiza visitas a hospitais e instituições que cuidam de crianças, adultos e idosos enfermos ou com deficiência física, cognitiva ou mental.
Animais ajudam, mas não são o único tratamento
Apesar de concordar que adotar um bicho pode fazer bem ao dono, Busin não descarta, em hipótese alguma, os tratamentos tradicionais: “A pessoa tem que fazer o tratamento psicológico ou psiquiátrico. O animal é apenas uma das variáveis.”
E, claro, a pessoa tem que ter afinidade com os bichinhos. “Se ela não gosta de cachorro ou tem medo, não tem que forçar, porque isso criaria um novo problema para aquele indivíduo”, alerta o psicólogo.
Mas se você sofre com depressão ou ansiedade e morre de vontade de adotar um animal, esse pode ser o estímulo científico que você precisava.
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