Tudo bem furar uma bolha no pé? E arrancar a pele? Como evito o problema?
Um problema bem chatinho, capaz de incomodar desde atletas profissionais até amadores que dão suas corridinhas ou jogam bola no fim de semana. E as bolhas não são exclusivas de quem pratica esportes. Também aparecem nos pés de quem usa um sapato novo ou inapropriado para trabalhar.
As bolhas são geradas devido ao atrito entre a pele e algum objeto --a meia ou calçado, no caso dos pés; ou, por exemplo, a barra da academia, o guidão da bicicleta ou uma chave de fenda, quando surgem na palma da mão. A fricção constante faz com que a epiderme, camada mais exterior e grossa da pele, se solte da segunda camada, a derme. Aí, entre essas camadas surge o edema com líquido que, geralmente, traz uma leve sensação de ardência e causa forte dor quando pressionado.
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Posso furar a bolha?
Os médicos são unânimes: você não deve furar a bolha para retirar seu líquido, nem remover a pele dela. O ideal é dar um "descanso" para o machucado. Ou seja, não utilizar curativos abafados ou sapatos fechados --especialmente o que gerou a lesão -- por pelo menos uma semana, para não agravar o ferimento e deixar a pele se regenerar. Caso a bolha estoure, a médica Gladys Mattei, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) recomenda utilizar cremes cicatrizantes.
A recuperação total geralmente ocorre em quatro semanas. Nesse período, sempre que for calçar sapatos, você pode passar vaselina no machucado, para minimizar o atrito na região, ou protegê-lo com gaze.
Caso a pele se solte e o local apresente vermelhidão, estiver quente e dolorido, é indicado procurar um médico para avaliar se é uma simples inflação ou se a lesão infeccionou. Em casos mais graves, o especialista pode indicar uma pomada de corticoide ou antibiótica.
Como evitar o problema?
No caso de bolhas nos pés, a principal forma de minimizar o problema é investir em calçados de boa qualidade. O tênis ou sapato precisa ser macio e ter numeração adequada. Ele não pode estar nem apertado nem folgado e seu formato deve ser o mais próximo possível do pé. Sempre que adquirir um calçado novo, procure usá-lo aos poucos, até ele se moldar aos pés e não entrar mais em atrito com pontos específicos da pele.
Para quem sofre com o problema frequentemente, mesmo usando diferentes calçados, Mattei recomenda fazer uma avaliação para verificar a necessidade de utilizar palmilhas ortopédicas. Motivo: as bolhas podem estar sendo causadas por um desvio de pisada e as palmilhas corrigem isso.
Outra dica é hidratar os pés, de preferência com produto específico para a pele dessa região. “A ureia e a glicerina são alguns dos ativos mais utilizados nos cremes hidratantes para os pés”, diz Tatiana Gabbi, médica dermatologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). E não é indicado lixar com frequência a pele dos pés, pois isso a deixa mais sensível.
Talco e esparadrapo são aliados
Ao usar calçados, é importante manter os pés sempre secos, já que a umidade favorece o aparecimento de bolhas ou piora a lesão existente. Quem costuma transpirar muito pode passar talcos ou desodorantes antitranspirantes específicos. E é fundamental vestir meias adequadas, de tecido que facilita a evaporação do suor, com poucas costuras e do tamanho certo, para evitar que elas causem fricção.
Antes de praticar esportes ou usar um calçado que normalmente gera bolhas, você pode passar vaselina nos pés para minimizar o atrito. Colocar protetores de silicone ou esparadrapo nas áreas que o problema costuma aparecer também ajuda. O esparadrapo, inclusive, foi apontado por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, como uma das melhores formas de prevenção.
Em um estudo feito com 130 participantes de uma ultramaratona que percorre 320 km ao longo de quatro desertos pelo mundo, os cientistas constaram que o uso de esparadrapo --também chamado de fita de papel-- reduziu em 40% o aparecimento de bolhas. Hoje há no mercado até produtos específicos, que permitem que a pele transpire e não desgrudam com o suor.
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