"Técnica de respiração me tirou da depressão", conta senhora de 80 anos
Yara Mutti estava no auge de sua aposentadoria quando um câncer no pâncreas tirou a vida do marido e ela entrou em depressão. E, como lembra neste depoimento, na época, "só sentia vontade de morrer". Neste depoimento, ela conta como a técnica de respiração da Sudarshan Kriya a livrou da doença. Hoje, aos 80 anos, ela se levanta todos os dias às 5h da manhã para meditar e praticar a respiração ritmada.
"Desde jovem sempre fui bastante ativa. Trabalhava em dois hospitais, cuidava da casa, do marido e das duas filhas. Procurava ter uma vida e alimentação saudáveis. Fazia ioga e meditação transcendental.
Sempre gostei de práticas que me permitissem buscar autoconhecimento e me espiritualizar.
Após 34 anos trabalhando como nutricionista, me aposentei em 1991. Tinha 54 anos. Como não queria ficar parada, resolvi me arriscar e comprei um quiosque, no Rio das Ostras [litoral norte do Rio de Janeiro]. Era uma delícia trabalhar na praia e ter um contato tão próximo com a natureza. Adorava tomar sol, entrar no mar e conversar com os clientes. Meu quiosque virou referência em sucos naturais. Fiquei três anos com o negócio. Foi uma experiência ótima.
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Nos anos seguintes, fui curtir a vida e fiz a minha primeira viagem para a Europa, aos 62 anos. Um tempo depois de voltar ao Brasil, meu primeiro netinho nasceu. Cuidava dele durante o dia, enquanto minha filha e meu genro trabalhavam.
Estava tudo indo bem até que em 2001 meu marido descobriu um câncer no pâncreas e faleceu três meses depois.
Foi um choque, estávamos juntos há 37 anos. Meu mundo acabou. Fiquei muito doente. Não tinha nenhuma doença, até então, sempre fui saudável. Em decorrência de todo o estresse, passei a ter pressão alta, arritmia e distúrbios gastrointestinais. Foi uma fase bem difícil. Além da perda sentimental, tive de lidar com várias questões burocráticas, envolvendo os negócios do meu marido.
Só sentia vontade de morrer. Não suportei o golpe da morte dele e entrei em depressão.
Não levantava da cama, ficava o dia todo deitada chorando. Tinha uma tristeza e um vazio que não sabia como preencher. Não queria mais saber de nada. Só sentia vontade de morrer. Fiquei um ano desse jeito.
Um dia, minha filha mais nova, Lisiane, e minha sobrinha, Renata, me falaram de uma técnica respiratória chamada Sudarshan Kriya, que ajudava a reduzir o estresse, a ansiedade e a depressão. Elas já tinham experimentado e me disseram que a prática promovia uma limpeza profunda no corpo e na mente —e melhorava o desempenho das funções cerebrais, hormonais e imunológicas.
Fui à primeira aula no Rio e a instrutora explicou os benefícios e me ensinou o método criado pelo guru indiano Sri Sri Ravi Shankar. Fiz a técnica da respiração ritmada com as pernas cruzadas, os olhos fechados e a coluna reta.
Os ritmos me levaram a um estado profundo de meditação e de tranquilidade.
Minha mente clareou e eu encontrei respostas para as angústias e aflições que estavam dentro de mim. Senti um bem-estar intenso. Lembro de ter pensado: 'Não é possível que essa seja eu, até alguns minutos atrás eu estava tão ruim'. Voltei para casa mais forte e animada. Naquele momento, descobri um novo caminho e renasceu em mim a vontade de viver novamente.
À medida que fiz as aulas, fui melhorando fisicamente e conquistando o equilíbrio emocional. Ao longo dos meses, a pressão baixou, os batimentos cardíacos estabilizaram e eu parei de tomar os remédios. Fui me distanciando das sensações negativas e voltando a ser a pessoa alegre, positiva e comunicativa que eu era. A prática do Sudarshan Kriya me tirou da depressão.
Levanto às 5h todos os dias para praticar a respiração e meditar.
De lá para cá, nunca abandonei a técnica. Todos os dias levanto às 5h da manhã para praticar o Sudarshan Kriya e a meditação transcendental. Faço 20 minutos de cada. Quando termino, fico animada e disposta para cozinhar, limpar a casa, passear, costurar e fazer ioga. Aprendi a viver sozinha, pago minhas contas e adoro minha independência, aos 80 anos.
Nunca mais casei. Gosto de ver homens bonitos na TV e pessoalmente. Já recebi propostas de namoro de alguns senhores, mas nunca me encantei por nenhum. Com a respiração e a meditação, me sinto completa e descobri outros prazeres.
Só fico triste de saber que vou ficar dependente das pessoas quando ficar mais velha. Gosto da minha experiência e velhice. Não fico pensando na minha idade, apenas procuro viver da melhor maneira possível. Para mim, o segredo para ter um bom envelhecimento é fazer todas as coisas com muito amor."
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