Tossir repetidamente evita infarto? Veja como agir ao sofrer o problema
Você já recebeu uma corrente pelas redes sociais sobre saúde? A “fake news”, ou notícia falsa, da vez foi uma mensagem que se espalhou pelo WhatsApp com uma “dica valiosa” de como sobreviver a um ataque do coração quando se está sozinho.
O texto dá o exemplo de uma pessoa que chega do trabalho cansado e começa a sentir uma dor severa em seu peito, que se alastra para o braço e a mandíbula. O indivíduo, no entanto, está a 5 km do hospital mais próximo. O que ele deve fazer? De acordo com a corrente, tossir de “forma repetida e muito vigorosa” e respirar profundamente ajudam o coração a recuperar o ritmo normal, dando tempo para a vítima chegar ao hospital. Mas, de acordo com especialistas ouvidos pelo VivaBem, não é bem assim.
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O texto diz ter sido avaliado por um cardiologista e orienta quem recebe-lo a contribuir, “enviando esse e-mail que pode salvar a vida de uma pessoa”.
“Não há suporte científico algum de que tossir pode salvar alguém no caso de um infarto”, diz Agnaldo Píscopo, cardiologista e coordenador do Centro de Treinamento da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo).
“Na verdade, essa história de tossir para estimular o ritmo cardíaco é utilizada em laboratórios de cateterismo. Ao observar os batimentos cardíacos do paciente, o médico pode perceber que a pulsação da pessoa diminuiu. Então, ele pede para que o paciente tussa forte, para que o coração volte a bater normalmente. Mas não tem nada a ver com evitar uma parada cardíaca”, explica Leopoldo Piegas, cardiologista e coordenador do programa de infarto do Hcor (Hospital do Coração).
Como agir em caso de infarto
De acordo com os especialistas, se a pessoa sente os principais sintomas de um infarto, como dor forte no peito que vai para o braço, deve procurar socorro médico o mais rápido possível. E nada de ir sozinho: “Infelizmente, nessa situação, dependemos de outra pessoa. Se estiver sozinho, o máximo que você pode fazer é ligar para a emergência e deixar a porta de casa destrancada”, alerta Píscopo. Se a pessoa que estiver por perto for treinada em emergências, poderá realizar a compressão torácica até a chegada da ajuda.
Os procedimentos médicos
Mesmo com esses "socorros emergenciais", o atendimento médico é essencial. “No hospital, a primeira coisa que os médicos fazem é um eletrocardiograma. Se ele realmente mostrar sinais de infarto, a pessoa é encaminhada para fazer um cateterismo, que abre a artéria (ela se fecha durante um infarto e impede a circulação do sangue em determinada área do coração), e recanaliza essa artéria dentro dos primeiros 60 minutos, conseguindo salvar grande parte do músculo”, explica Piegas.
O problema é que a maioria dos hospitais não dispõem de cateterismo e não há tempo hábil para transportar a vítima até um local que realize o procedimento. Neste caso, são injetados na veia medicamentos fibrinolíticos, que em 80% dos casos conseguem abrir a artéria parcialmente, para a pessoa ser transportada até um hospital que faça cateterismo.
Quanto mais rápido ela for atendida em um ambiente hospitalar, maior a chance de sobrevivência. Essa história de ficar tossindo é ‘fake news’” Leopoldo Piegas, cardiologista e coordenador do programa de infarto do Hcor
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