Ho'oponopono: mantra da moda prega perdão. Será que você consegue praticar?
“Eu te amo. Me perdoe. Sinto muito. Sou grato.” Essas são as quatro frases que formam o Ho'oponopono, mantra que promete cicatrizar mágoas e abrir caminho para o perdão. De origem havaiana, tornou-se popular graças a uma curiosa história de cura coletiva acontecida na década de 1980.
O psicólogo e escritor havaiano Ihaleakala Hew Len teria “reabilitado” todo um pavilhão hospitalar de pacientes com histórico criminal apenas mentalizando o mantra e lendo os prontuários médicos de cada interno, sem fazer contato direto com nenhum dos detentos. De acordo com relatos do terapeuta, a agressividade e os sintomas psiquiátricos reduziram significativamente nos pacientes.
Hew Len, por sua vez, aprendeu a técnica com a sacerdotisa havaiana Morrnah Nalamaku Simeona. Morta em 1992, ela atualizou o método, aprendido com seus ancestrais e tradicional no Havaí, para os dias atuais.
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Ho'oponopono na prática
A empresária Lilian Rizzo, 30 anos, de São Paulo (SP), aplica o método há dois anos e, garante, com resultados positivos. “Uso para muitas situações da vida, principalmente àquelas em que preciso exercitar o perdão ou o auto-perdão. Parece que a prática limpa uma energia ruim”, diz. Ela lembra de uma vez em que sentiu muita mágoa de uma grande amiga.
“O sogro dela foi hospitalizado numa época em que eu estava viajando para o exterior, com internet limitada. Depois que voltei, ela veio conversar comigo. Acusou a mim de não se preocupar com ela durante um momento delicado e que não falaria mais comigo. Me defendi como pude, explicando que tentei ligar, mas não consegui contato.”
Mesmo não achando que estava errada, Lilian ficou incomodada. “Então, deixei todo o sentimento voltar à tona e repeti mentalmente as frases do ho'oponopono por algum tempo, me concentrando nelas e sem criar expectativas de arrependimento ou desculpas por parte dela.” Segundo Lilian, duas semanas depois, foi procurada pela amiga. “Dessa vez, ela falou que havia percebido que não podia julgar as pessoas e que não queria que nossa amizade fosse abalada por causa disso. O resultado é que continuamos parceiras até hoje.”
Perdoar faz bem para a saúde
Independentemente de se acreditar no poder do Ho'oponopono, o fato é que perdoar faz bem para a saúde. Um estudo publicado em 2011 no Journal of the International Association for Relationship Research mostrou que casais que se reconciliavam depois de uma briga apresentavam queda na pressão arterial.
Para o estudo, foram analisados 68 casais, que tiveram a pressão medida 40 minutos depois do episódio --e a queda foi observada nas duas pessoas, não apenas em quem perdoava ou era perdoado.
Um outro estudo, realizado no Luther College, em Iowa (EUA), em 2015, e publicado no periódico Psychology Journal of Health mostrou que, entre aqueles que têm mais facilidade em perdoar, os problemas físicos e mentais decorrentes de uma vida estressante desapareciam. A pesquisa foi realizada com 332 adultos, que responderam questionários sobre seus níveis de estresse, de capacidade de perdoar, e sobre sua saúde física e mental ao longo de 5 semanas.
Ao fim do teste, os cientistas atestaram que aqueles que se consideravam pessoas com maior capacidade de perdoar conseguiam lidar melhor com o estresse e, consequentemente, também tinham melhor saúde.
“Não há números, mas há estudiosos que comprovaram que as pessoas mais felizes são aquelas que não têm mágoas. À medida que pesquisadores tentam entender a mente das pessoas felizes, concluem que são aqueles capazes de perdoar, libertar-se do passado”, diz a assistente social e palestrante Heloísa Capelas, autora do livro “Perdão - A Revolução que Falta” (ed. Gente).
E como colocar o perdão em prática?
- Aplique o ho'oponopono. Não custa tentar, não é? Para isso, concentre-se no sentimento ruim que sente em relação a alguma pessoa ou situação e escreva ou diga (em voz alta ou mentalmente) a sequência “Eu te amo, sou grato, me perdoa, sinto muito”. A ordem não importa. Repita até sentir que o mantra “limpou” a energia. Você pode usar um japa mala para ajudar na condução do mantra. Cada vez que você completar a sequência, você segue uma conta adiante. E por aí vai.
- Saia do papel de vítima. “Lembre-se que você é 100% responsável pelo seu comportamento e bem-estar. O que nos faz mal é a maneira como lidamos com o que nos acontece”, diz Capelas.
- Não se isole. “Às vezes, a dificuldade em perdoar vem do fato de que temos medo de sentir, novamente, algum tipo de dor emocional. Por isso, nos fechamos”. Saia, conviva com outras pessoas, arrisque-se e abra-se para o novo.
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