Tudo bem treinar resfriado? Sim, e isso até ajuda na sua recuperação
Você é do tipo que adora fazer exercícios e não perde um treino por nada... Mas aí acorda com o nariz entupido, a cabeça doendo e o corpo "pesado" por causa de uma gripe ou resfriado. O que fazer? Usar o pouquinho de disposição que resta para sair da cama e ir suar a camisa? Ou descansar e esperar o organismo se recuperar?
A resposta depende de diversos fatores, entre eles o tipo de vírus que está "roubando" suas forças. “O resfriado é uma infecção leve, que apresenta sintomas mais brandos, como coriza e dificuldade para respirar. A doença dura poucos dias e não chega a atrapalhar muito o rendimento na atividade. Portanto, não há problema em treinar”, explica Paulo Olzon, infectologista e clínico geral da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
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O AmericanCollege of SportsMedicine, uma das instituições mais respeitadas na área, defende que o exercício leve a moderado, inclusive, é benéfico nesse momento.
“Se os sintomas forem apenas respiratórios e pouco limitantes, fazer atividade física de baixa intensidade e relaxar em seguida pode ajudar na recuperação da virose”, diz o médico do esporte Páblius Staduto Braga, médico gestor do Centro de Medicina Especializada do Hospital Nove de Julho, em São Paulo. Durante o treino, o organismo produz substâncias que aumentam a disposição e o bem-estar. Elas ajudam a minimizar os desconfortos trazidos pelo resfriado.
É gripe? Melhor descansar
Diante de sintomas de gripe, como fadiga excessiva, dor no corpo, peso no peito e febre, não tem jeito, é preciso abrir mão da atividade física. “Nesse tipo de situação, o corpo precisa focar em sua recuperação. Ele não está em condições de gastar energia extra com a performance física”, explica Braga.
Burlar essa recomendação pode ser perigoso. “O sistema cardiovascular fica sobrecarregado, já que está produzindo energia para combater o micro-organismo, e vai ter que trabalhar ainda mais para obter forças para o exercício, o que leva a maior risco de exaustão por hipertermia, síndrome de fadiga pós-viral (fadiga crônica desencadeada pelo vírus) e até mesmo miocardite viral, uma inflamação do músculo do coração provocada pela infecção”, alerta Gustavo Magliocca, médico do exercício e do esporte da Clínica CareClub, em São Paulo.
O trato respiratório inferior, que envolve os brônquios e os pulmões, também pode pagar caro por isso e você ter uma pneumonia, por exemplo. Assim como a musculatura, que fica mais sujeita a lesões.
E esqueça aquela história de que praticar atividades físicas ajuda a combater a febre. Muito pelo contrário. A elevação da temperatura é um sinal claro de que seu programa de treinamento deve ser suspenso. Durante o exercício, o coração bombeia uma grande quantidade de sangue dos músculos para a pele, com o intuito de dissipar o calor gerado pela atividade. Se o corpo já estiver muito aquecido, pode elevar demais a temperatura e sobrecarregar o músculo cardíaco.
Na fase final da gripe, quando não houver mais sintomas como febre e fortes dores de cabeça e no corpo --geralmente cinco ou seis dias após o início da doença -- o exercício leve pode ajudar você a sentir melhor e acelerar a recuperação. Isso acontece porque, como já foi falado, a atividade física estimula a liberação de substâncias no organismo que garantem disposição e bem-estar.
Atletas se recuperam mais facilmente
Uma boa notícia é que tanto em casos de gripes quanto de resfriados os praticantes de atividade física tendem a se recuperar mais rapidamente e ter sintomas mais leves do que os sedentários, segundo um estudo publicado no jornal científico British Journal of Sports Medicine. Um dos possíveis motivos para isso é que a prática regular de atividade física fortalece o sistema imunológico, responsável por combater os vírus em nosso organismo.
Mesmo assim, na volta para a malhação é importante pegar leve, pois seu corpo ainda estará frágil. Se sentir qualquer mal-estar, reduza o esforço. Caso a sensação desagradável persista, é necessário tirar mais alguns dias para descansar. Saber respeitar os sinais que o corpo dá é imprescindível.
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