Nova terapia com choque pode ser usada após antidepressivo não funcionar
Esqueça a visão assustadora que você tem de choques elétricos. Cientistas americanos desenvolveram uma nova eletroconvulsoterapia mais leve e que pode ser considerada uma terceira opção de tratamento para a depressão. A pesquisa aponta que, atualmente, pacientes recebem o método somente após tentarem usar cinco a sete antidepressivos.
Publicado no periódico Jama Psychiatry na quarta-feira (9), o resultado da revisão de estudos feita por cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mostrou que a a eletroconvulsoterapia teve mais resultado naqueles pacientes que tentaram duas outras terapias sem sucesso, feitas com antidepressivos.
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Além disso, os pesquisadores também descobriram que quanto antes a terapia com choques for aplicada, mais livres dos sintomas da depressão os pacientes ficam --cerca de dois terços do tempo.
De acordo com o estudo, metade dos pacientes que usam o eletrochoque tem alívio imediato. Depois de um ano, no entanto, um terço deles voltam a apresentar sintomas.
Como funciona a eletroconvulsoterapia
O tratamento atual pode ser feito com o paciente internado no hospital ou ambulatorialmente. O preparo inclui jejum durante a noite anterior, porque a pessoa vai ser submetida à anestesia. Ao chegar às 7 horas da manhã, ela é conduzida para a sala onde será anestesiada e receberá um relaxante muscular, oxigenação e monitores cardíacos, cerebrais e de pressão arterial. Só então é aplicado um estímulo muito breve por meio de dois eletrodos que são colocados na parte frontal da cabeça, o suficiente para induzir a convulsão que é vista apenas no monitor do eletroencefalograma.
Durante todo o procedimento, que demora em média 30 minutos, o paciente é acompanhado por um médico anestesista e por um psiquiatra. Depois que volta da anestesia, a enfermagem verifica se ele está confuso ou não. Se estiver bem orientado, toma café da manhã e pode voltar para casa.
Benefícios do tratamento
O eletrochoque induz uma modificação na parte do cérebro da mesma forma que os antidepressivos. Ao final de uma série de aplicações, o resultado químico do eletrochoque é similar ao dos medicamentos. Além disso, possui uma ação anticonvulsivante, que também influencia os neuromoduladores envolvidos na regulação do humor. Por isso, hoje, a psiquiatria adota medicações anticonvulsivantes como estabilizadoras do humor.
Os autores do estudo alertam, contudo, que a escolha do tratamento para a depressão é pessoal e deve ser tomada pelo paciente, a partir de sua experiência, juntamente com as opções médicas disponíveis. "Embora a escolha do tratamento seja pessoal, nosso estudo sugere que a eletroconvulsoterapia deve ser vista como uma opção já na terceira rodada de tratamento", diz Eric Ross, principal autor do estudo.
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