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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Exercitar-se apenas 10 minutos por dia já faz você ser mais feliz

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Gretchen Reynolds

Do New York Times

14/05/2018 10h17

Pequenas quantidades de exercício podem ter um grande efeito sobre a felicidade. De acordo com uma nova revisão de pesquisas sobre bom humor e atividade física, as pessoas que malham até uma vez por semana ou durante meros 10 minutos por dia tendem a ser mais alegres do que aquelas que nunca se exercitam. E qualquer tipo de exercício pode ser útil.

A ideia de que se movimentar pode afetar nosso humor não é nova; é bem provável que muita gente diga que se sente menos irritadiça ou mais relaxada depois de uma corrida ou de uma sessão na academia.

Em geral, a ciência concorda com isso. Vários estudos constataram que os fisicamente ativos têm muito menos riscos de desenvolver depressão e ansiedade do que os que raramente se movimentam.

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Mas essas pesquisas se concentraram na relação entre exercício e problemas psicológicos, como depressão e ansiedade; um número menor de estudos explora a relação entre atividade física e otimismo, especialmente em pessoas que já eram psicologicamente saudáveis, e muitas vezes se concentram em um único grupo etário ou em um tipo exclusivo de exercício.

Isoladamente, eles não dão muitas pistas sobre a quantidade ou os tipos de atividade que podem melhorar nosso humor, se a maioria pode esperar encontrar mais felicidade com atividades regulares ou se isso acontece apenas com determinados grupos de pessoas.

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Se as pessoas se exercitavam pelo menos 30 minutos na maioria dos dias, tinham uma probabilidade quase 30% maior de se considerar felizes
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Assim, para a nova revisão, publicada em março no The Journal of Happiness Studies, pesquisadores da Universidade de Michigan decidiram agregar e analisar vários estudos anteriores que relacionavam atividade física e felicidade.

Começaram com uma pesquisa em bancos de dados, buscando análises relevantes, e reuniram 23 que foram publicadas desde 1980. A maioria era observacional, o que significa que os cientistas simplesmente estudaram um grupo de pessoas, perguntando o quanto seus integrantes se exercitavam e o quanto se consideravam felizes; alguns foram experiências em que as pessoas começaram a se exercitar e os pesquisadores mediram sua felicidade antes e depois.

O número de participantes muitas vezes era pequeno, mas juntos representaram mais de 500 mil pessoas, incluindo desde adolescentes até os bem mais velhos, e cobrindo uma ampla gama de grupos étnicos e socioeconômicos.

E os pesquisadores de Michigan descobriram que, para a maioria deles, o exercício estava fortemente ligado à felicidade. "Cada um dos estudos observacionais mostrou um relacionamento benéfico entre ser fisicamente ativo e ser feliz", disse Weiyun Chen, professora associada de Cinesiologia da Universidade de Michigan, que, com seu aluno de graduação, Zhanjia Zhang, escreveu a revisão.

O tipo de exercício parecia não ter importância: algumas pessoas felizes caminhavam ou corriam; outras praticavam ioga e alongamento. E a quantidade de atividade necessária para influenciar a felicidade era mínima, disse Chen. Em vários estudos, quem se exercitava apenas uma ou duas vezes por semana dizia se sentir mais feliz que os sedentários; em outros, 10 minutos por dia de atividade física foram vinculados ao humor mais leve.

Porém, um volume maior de atividade geralmente contribuiu para mais felicidade. Chen disse que, se as pessoas se exercitavam pelo menos 30 minutos na maioria dos dias, que é a recomendação padrão na Europa e nos EUA para a boa saúde, tinham uma probabilidade quase 30 por cento maior de se considerar felizes do que os que não cumpriam essas diretrizes. "Acho que há fortes indicações de que o exercício pode contribuir para a felicidade e, mesmo que um pouco já seja benéfico, mais é melhor", disse ela.

Porém, acrescentou, porque a maioria dos estudos nesta revisão é observacional, ainda não é possível estabelecer se o exercício é o causador direto de alterações na felicidade, ou se os dois simplesmente aparecem juntos. Pode ser que pessoas felizes tenham maior propensão de se exercitar do que aquelas que se sentem tristes; nesse caso, o exercício não contribuiria para a felicidade, mas ajudaria a transformá-lo em atleta.

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Vários estudos constataram que os fisicamente ativos têm muito menos riscos de desenvolver depressão e ansiedade
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A felicidade também é um conceito inerentemente subjetivo e fugaz. Os estudos analisados na revisão perguntavam às pessoas o quanto elas se sentiam felizes --mas a alegria de um pode ser a melancolia de outro, dificultando a generalização das reações emocionais que propiciam o início de uma rotina de exercícios.

E, claro, a revisão não mostra como a atividade física poderia estar influenciando a felicidade. "Há indicações de que os fatores sociais poderiam mediar os efeitos do exercício para a felicidade em algumas pessoas", disse Chen. Em outras palavras, as interações sociais que ocorrem durante uma aula de ginástica ou na ida à academia podem ajudar a elevar o humor das pessoas.

Ou o exercício pode alterar mais diretamente o corpo, incluindo o cérebro. "Sabemos que o exercício melhora a saúde, e o sentir-se saudável pode fazer as pessoas mais felizes", disse Chen. A atividade física também pode remodelar o cérebro, por exemplo, criando novas células cerebrais ou induzindo alterações em sua química, de forma a contribuir para as emoções positivas.

Chen espera que futuros experimentos explorem essas questões, mas por enquanto, ela diz: "Acho que podemos afirmar que as pessoas que se exercitam provavelmente são mais felizes que as sedentárias".

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