Treinou e sentiu dor na lateral da barriga? Como evitar a pontada
Quem corre, joga futebol, basquete ou faz outro tipo de exercício mais intenso já deve ter sentido ao menos uma vez na vida a famosa dor na lateral da barriga, uma pontada repentina que nos obriga a diminuir o ritmo ou até interromper o exercício. Mas o que é isso?
Especialistas explicam que a dor de lado —conhecida também por nomes mais pomposos como dor no flanco ou dor abdominal transitória relacionada ao exercício— tem diversas causas, mas uma coisa é consenso: a fisgada geralmente ocorre quando o esforço da atividade física está perto do limite do seu condicionamento.
Principais causas
Esse incômodo físico foi muito estudado nos últimos anos e pode ser provocado por mais de um motivo. Uma das possíveis razões para a dor na lateral da barriga seria a fadiga do diafragma, principal músculo respiratório. A teoria mais aceita é a redução do aporte de sangue que chega ao diafragma, causando uma fadiga precoce nele e, consequentemente, a dor local.
É importante deixar claro que, apesar de o diafragma ser um músculo respiratório, dificilmente a dor de lado é gerada devido ao jeito que você respira durante o treino. O desconforto é mais comum em sedentários ou pessoas que estão iniciando na atividade física, que acabam se submetendo a um esforço acima da sua capacidade física.
Também existe a hipótese de que problemas posturais durante o exercício, gerados principalmente pela falta de força no core (abdome, lombar e quadril), provoquem o desconforto. O diafragma seria prejudicado em sua função de músculo respiratório pela deficiência na ativação da musculatura lombar.
A dor no flanco também pode estar relacionada ao baço. O órgão necessita de uma grande quantidade de sangue, que no momento do exercício é direcionado para os músculos e outras regiões.
Quando o fluxo sanguíneo no baço não é suficiente, pode ocorrer uma distensão. Ligamentos e fibras lisas que sustentam o baço e o fígado entram em fadiga precocemente e se friccionam, resultando na dor.
Outro fator que contribui para esta dor é a ingestão de líquidos ou alimentos de difícil digestão muito perto da hora do treino. Motivo: eles ficam "parados" no estômago e podem criar uma resistência para o trabalho do diafragma.
Tem solução? Sim!
Quanto mais bem condicionado você estiver, maior o grau de segurança para não sentir o desconforto. Na hora da pontada, a saída é diminuir o ritmo ou parar. O incômodo logo desaparecerá. Para evitar que a situação se repita, melhore seu preparo físico, principalmente se exercitando em intensidades mais baixas.
Além disso, a melhor estratégia de evitar a dor é seguir um programa de treino adequado ao seu preparo físico, com intensidade e volume que o corpo pode suportar. Quando se trabalha dentro dos limites, as dores e os incômodos são menos frequentes e a progressão e desempenho físico são mais lineares e seguros.
Também vale a pena dar uma atenção especial ao que se come e bebe antes dos treinos. Uma alimentação leve e sem fibras pode ajudar a evitar que o estômago cheio comprima o diafragma.
Fontes: Diego Leite de Barros, fisiologista do Hospital do Coração em São Paulo e diretor da DLB Assessoria Esportiva; Nelson Evêncio, educador físico e presidente da Associação de Treinadores de Corrida de São Paulo; Simone Puglielli Lotito, educadora física e doutora em ciências da fisiologia pela Unicamp.
*Com informações de matéria publicada em maio de 2018.
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