Mulher de 68 anos aposta na musculação para amenizar sintomas do Parkinson
O mal de Parkinson não impede a baiana Sandra Dannemann de frequentar a academia, fazer natação e manter uma rotina cheia de muito bom-humor. Ela conta a sua história ao VivaBem:
"Sempre fui esportista. Fazia natação, musculação, caminhava, jogava vôlei, era muito ativa — inclusive, por conta do meu bom condicionamento físico, sempre fui solicitada como 'acompanhante oficial' nas subidas da escadaria da Igreja do Bonfim, aqui em Salvador, uma forma tradicional de pagar promessa.
Casei aos 25 anos e tive dois filhos: Lucianna e Geraldo. Meu marido, que também se chamava Geraldo, era arquiteto. Por conta do trabalho, foi transferido para diversas partes do mundo, onde morávamos pelo tempo que durasse o empreendimento que ele estava tocando. Assim, passamos pelo Peru, Inglaterra, Dubai, Áustria...
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Aos 42 anos, no entanto, comecei a sentir algo estranho: meu braço esquerdo se levantava, em um movimento involuntário. Achava que era cansaço, mas os exames acusaram outro motivo: um Parkinson precoce.
Depois do diagnóstico, o médico proibiu todas as atividades físicas. Ele dizia que a doença enrijece os músculos, e que os exercícios iriam acelerar esse processo. Eu, que sempre fui muito ativa, parei com tudo e posso dizer que foi uma das piores épocas da minha vida. Sentia que meu corpo pedia movimento.
Após ficar três anos parada, contrariando as orientações médicas da época, voltei a me exercitar. Retomei com o maior afinco e obtive uma resposta incrível do meu corpo, que comprovou que os músculos têm memória, e reagem rapidamente quando solicitados.
Treino diário
Hoje, 26 anos após o diagnóstico, continuo indo na academia todos os dias. Levanto até 60 kg no LPO (levantamento de peso olímpico) e chego a 100 kg com as pernas. Também faço natação duas vezes por semana. Moro sozinha e os exercícios me ajudam a ter uma maior flexibilidade, mobilidade e força.
Se não tivesse essa rotina, não sei nem se estaria viva. Há um ano, passei por outro período em que não pude me exercitar e cheguei a me sentir deprimida. Tive muitas dores musculares e nas articulações. Elas me mostraram a verdadeira face do Parkinson, doença que até então eu levava na flauta, pois os sintomas não eram muito severos.
Também percebi uma limitação de movimentos, pois a doença vai endurecendo os músculos. Os remédios ajudam, mas trazem junto efeitos colaterais terríveis. Quando voltei aos exercícios, as dores passaram e consegui segurar as pontas. No entanto, tenho consciência de que o meu histórico como mulher fisicamente ativa desde jovem conta muitos pontos.
O corpo tem que estar pronto para a quantidade de exercícios que eu faço, e o meu está. Também mantenho uma dieta saudável, controlando a quantidade de comida e evitando excessos.
Mas como de tudo um pouco, embora não seja fã de gorduras e alimentos mais pesados, como feijoada e alguns itens típicos da culinária baiana. Consumo muitas frutas e só almoço depois da academia. Faço a última refeição do dia às 18h, o que me ajuda a manter o mesmo peso há muitos anos.
Sou uma pessoa que não fica parada, e não apenas em relação aos exercícios. Gosto de costurar, pintar e fazer coisas com as mãos. Também passeio muito e adoro sair. Meus filhos moram fora — a Lucianna em Londres, e o Geraldo em Miami — e sempre que posso viajo para encontrá-los.
Procuro sempre lembrar que para tudo há um “valor” a ser pago, e você, muitas vezes, é quem define se será alto ou não. Há dias que mergulho de cabeça na rotina física, em outros respeito o pedido do corpo — mas o interessante é que ele nunca me pede para ficar parada.”
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