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Longevidade

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Se mexe e fala muito ao dormir? Cuidado, você pode ter Parkinson no futuro

Gabriela Ingrid

Do VivaBem, em Gramado (RS)

22/06/2018 16h46

Pessoas que costumam ter pesadelos em que gritam, choram, dão socos ou pontapés possuem tendência a desenvolver problemas cognitivos. “Um estudo mostrou que muitos indivíduos com esse distúrbio durante o sono terão alguma doença neurodegenerativa em cerca de 18 anos, como demência ou Parkinson”, diz a médica geriatra Maira Tonidandel Barbosa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A pesquisa, publicada em 2008 no periódico Neurology, analisou 93 pacientes diagnosticados com o transtorno comportamental do sono REM (fase na qual ocorrem os sonhos) e que davam socos, chutes, choravam e saltavam da cama "imitando" a atividade do pesadelo.

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Os pesquisadores observaram que cerca de 25% dos pacientes que sofriam do transtorno do sono REM desenvolveram doenças degenerativas, como Parkinson, demência com corpos de Lewy e Alzheimer. De acordo com o estudo, o risco de pacientes com o distúrbio do sono desenvolverem doenças degenerativas em um período de cinco anos é de 18% e esse risco aumentaria para mais de 52% num período de 12 anos.

Medicamentos para labirintite

E não é só o distúrbio do sono que pode aumentar os riscos de a pessoa desenvolver Parkinson. Tomar remédios indicados para tontura cronicamente também pode predispor à doença. EM 2006, Barbosa realizou um estudo com 1.186 idosos com mais de 64 anos, moradores da cidade de Bambuí (MG). Todos responderam um questionário para avaliar a existência de indícios de Parkinson.

Ao todo, 7,2% dos participantes tinham a síndrome parkinsoniana, ou seja, apresentavam o conjunto de sinais como tremor, rigidez e lentidão. A doença de Parkinson ficou confirmada em 3,3% deles. Em 2,7% foi constatada a síndrome provocada pelo uso contínuo de medicamentos antivertiginosos. O restante tinha o parkinsonismo induzido pelo uso de antipsicóticos. O ‘falso’ Parkinson, chamado de síndrome parkinsoniana, apresenta exatamente os mesmos sintomas da doença, mas pode ser revertido com a suspensão dos medicamentos antivertiginosos. O problema é que, quando não tratada, ela pode levar ao Parkinson.

Café pode prevenir

Apesar de haver um tratamento sintomático, não existe ainda uma cura para o Parkinson. “Por isso é importante agir antes e ficar de olho nos fatores neuroprotetores que estão sendo estudados”, diz Barbosa.

A geriatra afirma que a cafeína (de 80 mg a 200 mg por dia) tem efeito neuroprotetor e pode diminuir os riscos de doença de Parkinson. “A nicotina também, mas obviamente não a recomendamos. Alguns ainda sugerem ácidos graxos e vitaminas em doses maiores, mas por enquanto nada é muito certo. A única coisa que temos certeza é que a atividade física e bons hábitos de vida são ótimos meios de se proteger dessas doenças neurodegenerativas.”

Além disso, Barbosa sugere procurar um médico assim que perceber algum sintoma de transtorno comportamental do sono REM. “Entre todas as doenças neurodegenerativas que existem, talvez esse seja o fator de risco mais forte, então procure um médico e peça uma investigação mais apurada do sono.” Seu eu do futuro agradecerá.

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