Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Redução de estômago não é milagre, precisa mudar hábitos para não engordar

A cantora Vanessa Jackson interpretando Whitney Houston em musical - Reprodução
A cantora Vanessa Jackson interpretando Whitney Houston em musical Imagem: Reprodução

Vivian Ortiz

Do VivaBem, em São Paulo

23/06/2018 04h00

A cantora Vanessa Jackson, revelada pelo programa "Fama" emagreceu 43 kg após passar por uma cirurgia bariátrica em 2004. Hoje está com 41 kg a mais e decidiu participar de um reality dentro do programa "Você Bonita", da TV Gazeta, inspirado no extinto "Medida Certa", da TV Globo.

Assim como ela, alguns pacientes passam pelo mesmo problema: ganhar de volta todos os quilos perdidos com o procedimento. Mas será que isso é normal? Caetano Marchesini, presidente da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica), diz que não. Contudo, ele ressalta que o reganho de peso pode acontecer entre 10 e 15% dos pacientes operados.

Veja também:

"São causas multifatoriais, incluindo algum possível problema técnico em relação à cirurgia, no sentido de checar se foi bem feita ou se aconteceu alguma complicação que possa levar a isso", explica.

Complicações pós-operatórias, explica ele, também podem levar ao aumento de peso, como uma condição chamada fístula gastro-gástrica, que é a mais comum. "Outro problema é quando o médico vai cortar o estômago e acaba deixando ele largo, e não fino como seria o correto", diz.

Vanessa contou ao site Notícias na TV que foram muitos os fatores que a fizeram recuperar o peso perdido, incluindo três gestações, a descoberta de um hipotireoidismo e o fato de ter sofrido com a argola colocada em seu estômago, que precisou ser extraída.

Tudo de novo

Marcia antes, após emagrecer 40 kg e nos dias atuais, quando voltou a engordar tudo de novo - Arte/UOL - Arte/UOL
Marcia antes, após emagrecer 40 kg e nos dias atuais, quando voltou a engordar
Imagem: Arte/UOL

Quem passou pela mesma situação foi Márcia Regina Moraes, 48. Em 2007, ela estava com 108 kg (para 1,50m de altura), problemas com pressão alta e tinha o medo recorrente de ter um AVC, além de outros problemas, por conta do excesso de peso. Uma semana depois da primeira consulta com o cirurgião, ela já estava sendo operada.

"Foi aí que tudo começou errado: não participei de uma única reunião com uma equipe multidisciplinar e já fui encaminhada para fazer um procedimento tão complexo e invasivo quanto esse", lembra. Logo depois, Márcia teve problemas com a única comida que podia consumir, que era sopa, e simplesmente parou de comer.

Com isso, perdeu 40 kg em cerca de três meses, vivendo basicamente a base de sucos prontos concentrados. "Só que isso me fez perder peso de forma muito rápida, o que trouxe outro problema: comecei a sentir os dentes moles, culpa do fato de ter perdido massa óssea muito rápido. Foi complicado", diz.

Ela então engordou de novo e, agora, sua meta é baixar o peso com dieta e exercícios mesmo. "Andei fazendo acompanhamento com uma nutricionista e emagreci 12 kg. Não tem milagre, tem que tirar o doce, fazer exercício, evitar alimentos industrializados, cozinhar a sua própria comida. Não é fácil, mas é menos agressivo", diz.

Acompanhamento é fundamental

Marchesini explica que, antes mesmo da cirurgia, o paciente precisa fazer o acompanhamento com nutricionista, além de psicólogo e psiquiatra, pois existem componentes de distúrbios alimentares graves.

A comida deve ser encarada pelo paciente como um vício, que precisa ser tratado. Algo que pode ser tão grave quanto o alcoolismo ou uso de drogas"   Caetano Marchesini, presidente da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica)

Após a cirurgia, o processo precisa ser o mesmo. Pacientes que fazem acompanhamento, mas não fazem de forma adequada -- com muito espaço entre as consultas, não procuram o médico na hora da vontade de comer chocolate, e não mudam o comportamento-- têm uma incidência de reganho de peso de 10 a 15% dos casos.

"Já pacientes que não fazem nenhum tipo de acompanhamento, do tipo que não vai nos retornos, esse valor aumenta para 25%. Não é milagre", diz. Marchesini ressalta que os pacientes precisam entender que a cirurgia bariátrica não é um fim, mas sim um meio, no sentido de ajudar a perder um grande volume de peso. Mas quem vai deixar magro depois não é a cirurgia, e sim o paciente. "Quem mantém o peso depois de muito tempo do procedimento foi porque mudou seus hábitos", avalia.

"Quando o paciente vem até o consultório, costumamos ter uma conversa muito séria com ele", explica o médico. "Muitos deles chegam com a ideia de que, após a cirurgia, poderão comer tudo o que quiserem, mas isso é um erro, pois a bariátrica não é vacina contra a obesidade."

VIVABEM NAS REDES SOCIAIS
Facebook • Instagram • YouTube