Redução de estômago não é milagre, precisa mudar hábitos para não engordar
A cantora Vanessa Jackson, revelada pelo programa "Fama" emagreceu 43 kg após passar por uma cirurgia bariátrica em 2004. Hoje está com 41 kg a mais e decidiu participar de um reality dentro do programa "Você Bonita", da TV Gazeta, inspirado no extinto "Medida Certa", da TV Globo.
Assim como ela, alguns pacientes passam pelo mesmo problema: ganhar de volta todos os quilos perdidos com o procedimento. Mas será que isso é normal? Caetano Marchesini, presidente da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica), diz que não. Contudo, ele ressalta que o reganho de peso pode acontecer entre 10 e 15% dos pacientes operados.
Veja também:
- Treinos de até 10 minutos são eficazes para quem quer emagrecer?
- Odeia academia? Treinar em casa também faz bem à saúde
- "Não me sentia bem na academia e perdi 28 kg treinando com um app"
"São causas multifatoriais, incluindo algum possível problema técnico em relação à cirurgia, no sentido de checar se foi bem feita ou se aconteceu alguma complicação que possa levar a isso", explica.
Complicações pós-operatórias, explica ele, também podem levar ao aumento de peso, como uma condição chamada fístula gastro-gástrica, que é a mais comum. "Outro problema é quando o médico vai cortar o estômago e acaba deixando ele largo, e não fino como seria o correto", diz.
Vanessa contou ao site Notícias na TV que foram muitos os fatores que a fizeram recuperar o peso perdido, incluindo três gestações, a descoberta de um hipotireoidismo e o fato de ter sofrido com a argola colocada em seu estômago, que precisou ser extraída.
Tudo de novo
Quem passou pela mesma situação foi Márcia Regina Moraes, 48. Em 2007, ela estava com 108 kg (para 1,50m de altura), problemas com pressão alta e tinha o medo recorrente de ter um AVC, além de outros problemas, por conta do excesso de peso. Uma semana depois da primeira consulta com o cirurgião, ela já estava sendo operada.
"Foi aí que tudo começou errado: não participei de uma única reunião com uma equipe multidisciplinar e já fui encaminhada para fazer um procedimento tão complexo e invasivo quanto esse", lembra. Logo depois, Márcia teve problemas com a única comida que podia consumir, que era sopa, e simplesmente parou de comer.
Com isso, perdeu 40 kg em cerca de três meses, vivendo basicamente a base de sucos prontos concentrados. "Só que isso me fez perder peso de forma muito rápida, o que trouxe outro problema: comecei a sentir os dentes moles, culpa do fato de ter perdido massa óssea muito rápido. Foi complicado", diz.
Ela então engordou de novo e, agora, sua meta é baixar o peso com dieta e exercícios mesmo. "Andei fazendo acompanhamento com uma nutricionista e emagreci 12 kg. Não tem milagre, tem que tirar o doce, fazer exercício, evitar alimentos industrializados, cozinhar a sua própria comida. Não é fácil, mas é menos agressivo", diz.
Acompanhamento é fundamental
Marchesini explica que, antes mesmo da cirurgia, o paciente precisa fazer o acompanhamento com nutricionista, além de psicólogo e psiquiatra, pois existem componentes de distúrbios alimentares graves.
A comida deve ser encarada pelo paciente como um vício, que precisa ser tratado. Algo que pode ser tão grave quanto o alcoolismo ou uso de drogas" Caetano Marchesini, presidente da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica)
Após a cirurgia, o processo precisa ser o mesmo. Pacientes que fazem acompanhamento, mas não fazem de forma adequada -- com muito espaço entre as consultas, não procuram o médico na hora da vontade de comer chocolate, e não mudam o comportamento-- têm uma incidência de reganho de peso de 10 a 15% dos casos.
"Já pacientes que não fazem nenhum tipo de acompanhamento, do tipo que não vai nos retornos, esse valor aumenta para 25%. Não é milagre", diz. Marchesini ressalta que os pacientes precisam entender que a cirurgia bariátrica não é um fim, mas sim um meio, no sentido de ajudar a perder um grande volume de peso. Mas quem vai deixar magro depois não é a cirurgia, e sim o paciente. "Quem mantém o peso depois de muito tempo do procedimento foi porque mudou seus hábitos", avalia.
"Quando o paciente vem até o consultório, costumamos ter uma conversa muito séria com ele", explica o médico. "Muitos deles chegam com a ideia de que, após a cirurgia, poderão comer tudo o que quiserem, mas isso é um erro, pois a bariátrica não é vacina contra a obesidade."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.