"Não deixo de fazer exercício ou perco a disposição por causa do Parkinson"
O problema de Antônio Crescente começou há nove anos, quando sua esposa, Solange, percebeu que o marido estava com dificuldade de mover o braço. Esse foi o primeiro sintoma de Parkinson, que afeta o controle de todo o lado direito de seu corpo. Mas está enganado quem acha que a doença afetou a disposição do gaúcho que vive no Rio de Janeiro.
Aos 77 anos, o engenheiro mecânico não tem a menor afinidade com a palavra sedentarismo. Praticamente todos os dias, ele caminha durante duas horas ao redor da Lagoa Rodrigo de Freitas.
“Sempre gostei de me movimentar. Faço exercícios desde moleque: jogava futebol e estava sempre brincando na rua. A corrida entrou muito cedo na minha vida, por meio de um grupo que fazia 'cooper' pelas ruas de Porto Alegre. Também trago da infância o biotipo magro e a dieta que mantenho até hoje: como muita carne, legumes e verduras. Hoje, vejo as crianças cada vez mais gordas, em frente a um computador, sedentárias", diz.
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Após terminar a atividade física, como não trabalha mais em um escritório, o engenheiro mecânico busca formas de seguir exercendo sua profissão: é o "faz tudo" dos consertos e pequenos reparos. Essa vontade em se manter ativo tem sido essencial para Antônio ter melhor qualidade de vida.
"Levei sete anos para descobrir que tinha Parkinson"
Assim que percebeu os primeiros sintomas da doença, Antônio passou por muitos médicos e recebeu diagnósticos desencontrados. "Meu problema só foi realmente descoberto dois anos atrás, quando pisei no consultório do Dr. Flavio Henrique de Resende Costa. Ele foi direto ao ponto: 'Antônio, você tem desautonomia, um dos sintomas mais fortes em quem tem Parkinson”.
Desde então, o neurologista acompanha Antônio, além de coordenar o Ambulatório de Transtornos do Movimento (INDC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), responsável por cuidar de 200 pacientes com Parkinson e outros distúrbios motores.
“Antônio me procurou em um momento difícil da vida dele. Apresentava flutuações de sintomas, sono fragmentado e estava com o equilíbrio comprometido. Fiz ajustes nos horários dos remédios que ele tomava e os resultados foram muito positivos, mas considero que o engajamento adequado ao programa regular de atividade física foi fundamental. Ele é o típico exemplo de como a combinação de medicamento e atividade física podem fazer toda diferença na qualidade de vida dos pacientes com Parkinson”, explica Costa.
Uma jornada de muita luta
O dia de Antônio começa às 6h da manhã. "Acordo para tomar os remédios nesse horário, mas depois durmo um pouco, para que os medicamentos, que são agressivos, façam efeito." Entre 10h e 12h, ele caminha na Lagoa, sempre lutando para controlar os sintomas da doença.
"O Dr. Flávio me orientou que, se eu tiver andando e travar o movimento, devo caminhar na ponta dos pés. Às vezes, quando vou cruzar a rua e sinto uma travada, dou um trote, uma corridinha."
Antônio também gosta de ir ao mercado a pé, mesmo que esteja com dores, e não quer ficar parado. "Procuro consertar as coisas de casa e interagir com as novas tecnologias, como o Whatsapp, fazer compras pela internet. Ter uma vida assim me ajuda a me manter vivo e saudável."
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