Estranha, mas funcional: substância de larva de mosca cura feridas crônicas
Quando você se machuca é comum que a ferida cicatrize em um período relativamente curto. O processo de cicatrização envolve, de forma resumida, três etapas: inflamação, proliferação e regeneração.
Porém, quando a ferida é crônica ela permanece no estado inflamatório e depois de mais de seis meses não cicatrizam. É o caso de úlceras provocadas por leishmaniose ou feridas de pé diabético, que podem resultar em amputação.
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Uma boa solução para essas feridas “persistentes”? Larvoterapia. Sim, você leu direito, é o uso de substâncias de larvas para curar o machucado.
A ideia é utilizar larvas de mosca para remover o tecido necrosado, rompes o biofilme bacteriano e eliminar as bactérias para promover o crescimento de tecido sadio. Apesar de soar nojento, o tratamento tem se mostrado eficiente e está sendo usado nos EUA, Europa e no Hospital Universitário Onofre Lopes, em Natal, no Rio Grande do Norte.
O tema faz parte da pesquisa de Andrea Diz Roa, que fez um trabalho pioneiro ao analisar o peptídeo antibacteriano sarconesina, produzido pela larva da mosca Sarconesiopsis magellanica.
Diaz Roa foi a primeira a identificar, sequenciar e descrever a estrutura do peptídeo, de acordo com publicação da Agência Fapesp. A ideia é utilizar a substância como princípio ativo de um medicamento.
A pesquisadora conta que está abordando o assunto de duas maneiras: por um lado, transformando a sarconesina em remédio, sem terapia larval, por outro, implementando a prática da larvoterapia no Brasil.
Recentemente, ela visitou, nos Estados Unidos, o laboratório de Ronald Sherman, considerado o “pai” da larvoterapia moderna. O projeto de Diaz Roa agora é fixar-se no Brasil e passar a aplicar esse procedimento médico no país.
“As moscas são criadas em laboratório e colocam seus ovos sobre material orgânico. As larvas estéreis são colocadas no interior das feridas, onde permanecem por 24 a 48 horas. Utilizam-se em média 20 larvas por centímetro quadrado. A ferida é coberta durante o procedimento e lavada depois da retirada das larvas. Dependendo do caso, uma única aplicação é suficiente. Elas se alimentam apenas da parte necrosada da ferida”, disse Diaz Roa.
Abstraindo-se a repugnância que a larvoterapia possa provocar, o procedimento em si não é mais incômodo do que a própria ferida. Essas geralmente coçam, doem ou exsudam.
*Com informações da Agência Fapesp
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