Maconha medicinal pode não aliviar dor crônica ou reduzir uso de remédios
Uma grande pesquisa, publicada na quinta (5) no periódico The Lancet, contradiz pesquisas anteriores ao descobrir que o uso de maconha medicinal não diminui a dor crônica ou substitui o uso remédios para o problema.
Os pesquisadores da Universidade de New South Wales, na Austrália, recrutaram 1.514 adultos que receberam prescrição de medicamentos (incluindo fentanil, morfina, oxicodona, buprenorfina, metadona e hidromorfona) por mais de seis semanas para tratar a dor com duração superior a três meses. Foram analisados o estilo de vida, os fatores psicológicos, os escores de dor e o uso de maconha medicinal no passado e durante o estudo. Os voluntários foram observados por quatro anos.
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Surpreendentemente, a análise revelou que pessoas que usavam maconha medicinal relataram escores mais altos de dor do que aqueles que não usam maconha por dois, três ou quatro anos. Transtornos de ansiedade generalizada também foram significativamente maiores nos usuários de Cannabis e, mesmo após o ajuste para múltiplos fatores, como idade, dor inicial e dose de medicamentos, os autores não encontraram associação entre o uso da maconha e a redução dos remédios para a dor.
Os cientistas ainda observam que uma proporção maior daqueles que nunca relataram o uso de Cannabis descontinuou os remédios para dor após quatro anos.
“Até onde sabemos, esse é um dos estudos prospectivos mais longos e aprofundados de uma parcela de pessoas com dor crônica não relacionada ao câncer, examinando os efeitos do uso de Cannabis sobre a dor e o uso prescrito de remédios para o problema”, escreveu a equipe.
Mas, segundo eles, a pesquisa não pode fornecer a resposta definitiva sobre os benefícios e malefícios associados à maconha medicinal. Isso porque é possível que os indivíduos que usaram medicamentos a base de maconha estivessem mais angustiados com a dor e tivessem maiores taxas de ansiedade.
Além disso, o estudo foi realizado antes da legalização da maconha medicinal pela Austrália, mostrando que os indivíduos que a estavam tomando esses medicamentos tinham que recorrer a fontes ilícitas e provavelmente não tinham acesso a produtos especialmente projetados para o tratamento da dor, o que poderia ter levado a diferenças significativas nos resultados.
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