Uso excessivo de tecnologia pode causar insônia, dores e prejudicar visão
É difícil imaginar a vida sem computadores e smartphones, não é? Ainda mais para nós, brasileiros, que somos um dos povos mais conectados do mundo. De acordo com o relatório "2018 Global Digital", divulgado pela agência We Are Social, em parceria com a HootSuite, passamos em média 9 horas e 14 minutos na internet e 3 horas e 39 minutos nas redes sociais.
Não há dúvidas de que os aparelhos eletrônicos são úteis no trabalho, facilitam a comunicação e oferecem infinitas opções de lazer. Mas, se usados com exagero, eles podem ser prejudiciais à saúde. Veja a seguir alguns problemas desenvolvidos por quem abusa da tecnologia.
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Dores nas mãos e no pescoço
Quem vive digitando pode ter dores nos punhos, nas mãos e nos dedos. Isso acontece porque fazer sempre os mesmos movimentos pode gerar uma inflamação nas articulações. "Lesões por esforço repetitivo são a principal causa de afastamento médico. E diversos desses problemas são ocasionadas pelo uso de dispositivos tecnológicos, como o celular", afirma Marcus Gaz, clínico geral do Hospital Albert Einstein.
Outros incômodos relacionados ao uso de smartphones e afins são as dores no pescoço, nos ombros e nas costas. Ao manter a cabeça flexionada para baixo, na direção do queixo, você sobrecarrega a coluna cervical. Só para ter ideia, quando o pescoço fica inclinado para baixo, o peso da cabeça passa de cerca de 5 kg para 27 kg, de acordo com a revista científica Surgical Technology International.
Alterações na visão
Não é raro os usuários sofrerem de "falsa miopia", um tipo de contração demasiada da musculatura dos olhos, que acontece quando a vista é forçada por muito tempo com imagens próximas e acaba ficando embaçada para longe. Outros incômodos comuns são ardência, irritação e vermelhidão, além da sensação de vista cansada, que ocorre pelo ressecamento dos olhos quando ficamos diante das telas sem piscar.
Esse esforço que as telas pequenas exigem dos olhos leva à dificuldade de enxergar em lugares mais abertos, segundo Gaz. O risco é maior para crianças, adolescentes e adultos jovens, já que os músculos em volta dos olhos ainda estão em formação. "Quando eles se acostumam a olhar em curtas distâncias e ao movimento repetitivo de ler na tela, isso pode ocasionar uma alteração de movimento do olho e estar relacionado com a necessidade de correção de grau de miopia, de astigmatismo e hipermetropia", explica.
Problemas de audição
Ouvir a sua playlist no transporte, no treino ou no trabalho é muito prazeroso. Mas usar fones constantemente pode comprometer a saúde do seu ouvido. "Ficar muitas horas com algo obstruindo o seu canal auditivo e um som muito alto pode causar um dano permanente na audição", diz o clínico geral. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que jovens entre 12 e 35 anos de idade correm o risco de terem perdas auditivas irreversíveis porque escutam música em volume muito alto em fones de ouvido.
Infecções
Não é novidade que teclados de computador, celulares, tablets e fones de ouvido estão cheios de micróbios. Uma pesquisa da Devry Metrocamp identificou nesses equipamentos a presença de até 23 mil fungos e bactérias. Não é algo tão comum de acontecer, mas, principalmente se sua imunidade estiver baixa, esses micro-organismos podem causar infecções respiratórias, otite externa, conjuntivite, acne, irritações na pele e acne.
Insônia
Um dos obstáculos para uma boa noite de sono é a luz azul emitida pelas telas de dispositivos eletrônicos. Isso porque ela estimula o cérebro, o deixando mais ativo no momento em que deveria estar relaxado. A luz também inibe a produção de melatonina, hormônio regulador do sono. A conclusão é de um estudo realizado pela Universidade de Haifa, em Israel, que acrescenta que a luz azul danifica os ciclos do sono.
Transtornos psicológicos
Para algumas pessoas, os "likes" e a interação no mundo virtual disparar a sensação de prazer no cérebro. Isso pode causar uma dependência e fazer com que a vida social "real" fique em segundo plano. Esse isolamento pode ser o caminho para uma depressão, principalmente em pessoas que têm propensão à doença. Outro inimigo de quem prioriza as relações virtuais é a ansiedade, que é acentuada pelo costume de checar constantemente as notificações no celular.
"O uso descontrolado da tecnologia causa prejuízos na vida das pessoas como um todo. Elas perdem o foco das coisas realmente importantes e têm uma qualidade das relações empobrecida. Isso é pouco percebido, principalmente por quem é viciado em jogos. A pessoa perde o foco, fica mais distraída, retém menos informações e tem uma diminuição da memória", observa Dora observa Dora Góes, psicóloga do Programa de Dependências Tecnológicas do IPQ (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas).
O segredo é usar com moderação
Os especialistas recomendam medidas simples para evitar que a tecnologia faça mais mal do que bem.
- Evite usar esses dispositivos para lazer por mais de quatro horas por dia;
- Faça pausas a cada 40 minutos para alongar o corpo ou caminhar um pouco, para evitar lesões;
- Higienize os aparelhos com álcool isopropílico, de preferência diariamente;
- Use aplicativos que estimulam atividades físicas, assim você mantém bons hábitos sem ficar longe do celular;
- Silencie o smartphone durante o trabalho ou os estudos;
- Evite usar aparelhos eletrônicos que emitem luz muito perto da hora de ir para a cama.
E como administrar o tempo que ficamos conectados? "A partir do momento que você percebe que está exagerando no uso da tecnologia, é interessante criar algumas "regras" para si mesmo. Defina horários e um tempo limite para estar conectado, por exemplo", sugere José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching.
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