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Cochilo melhora seu dia e a saúde, mas a soneca tem de ser do jeito certo

Dormir de 10 minutos a uma hora após o almoço revigora o corpo - Getty Images
Dormir de 10 minutos a uma hora após o almoço revigora o corpo Imagem: Getty Images

Elcio Padovez

Colaboração para o VivaBem

25/07/2018 04h00

Uma soneca depois do almoço "é muito bom pra ficar pensando melhor". A máxima, adaptada da música “A Praieira” da banda Chico Science & Nação Zumbi, tem sua explicação científica: alguns minutos de relax no meio do dia podem ser uma ferramenta poderosa para a saúde e até, para a melhora da produtividade.

Quais os benefícios?

Dormir após o almoço tem como principais benefícios revigorar o cérebro, melhorar a capacidade de concentração, aumentar a capacidade imunológica e também a cardiovascular.

“Neste sono curto, o organismo se fortalece e regula a produção do hormônio norepinefrina, responsável pela reação de luta e fuga e que aumenta os batimentos cardíacos e pressão arterial. Em pessoas que não dormem e descansam direito, a soneca da tarde aumenta os níveis de interleucina 6, proteína essa com propriedades antivirais”, explica a fisiologista Alessandra Masi.

Apesar de benéfica, a soneca não é indicada para todo mundo e deve ser de 10 minutos a, no máximo, uma hora, dependendo do organismo de cada um. Se dormir mais do que isso, você tende a entrar em uma fase mais profunda do sono e ao acordar pode ficar preguiçoso e com o raciocínio lento, o que via prejudicar o restante do dia.

Como descobrir o tempo ideal de cochilo? Simples. É preciso experimentar. “Se você tirou uma soneca e se sentiu confortável e não teve problemas para dormir à noite, este é um hábito saudável que você pode adquirir. Se no seu trabalho não existe um quarto do descanso, arrume um cantinho ou até mesmo sentado numa cadeira, coloque um tapa olho e desligue uns minutos”, orienta a especialista em sono Luciana Palombini, que é enfática em afirmar: o sono precisa ser silencioso, independente de onde seja praticado.

No entanto, há um grupo que não pode nem pensar em fechar os olhos de dia: os insones. Se para eles, a noite já é um tormento para desligar, imagine com o corpo já relaxado por uma soneca. Pessoas que também sentem a cabeça pesada, enxaqueca e moleza após esta pausa também devem ficar de olho aberto para ver se o hábito de dormir de dia não é algo prejudicial, e que em alguns casos, pode evoluir para problemas com insônia.

Não troque o sono do dia pelo da noite

Um ponto fundamental a se observar é o de que a siesta que alguns praticam não substitui o dormir à noite. Ela funciona como um auxílio, uma pausa, e não como uma substituta. Neste sono mais longo, há a conclusão de ciclos: o reparador e o de atividade metabólica, também conhecido como Rapid Eye Movement (REM). Quando se dorme meia hora, por exemplo, é possível se fazer apenas um dos muitos ciclos necessários para que se tenha a sensação de que tanto o cérebro quanto o corpo estão 100% zerados e prontos para o dia seguinte. 

Já o hábito de cochilar ao chegar do trabalho e antes do jantar também pode ser muito prejudicial para a qualidade do sono. “Se você quer tirar um cochilo, que seja durante o dia, e nunca próximo do horário de apagar de vez.

O cérebro deve ser estimulado a descansar, mas quando se relaxa mais à noite, o organismo acaba com o estoque de melatonina, um dos hormônios responsáveis por se dormir bem”, orienta o neurologista Fabio Porto, pois a chance de se passar uma incômoda noite em claro é grande.

De onde vem o sono depois do almoço?

Assim que almoçamos, o organismo passa a sofrer muitas alterações hormonais, que fazem com que o corpo e o cérebro tenham uma sensação maior de cansaço. Para quem não vive sem alimentos mais gordurosos, como a carne vermelha e frituras, a chance de ter mais sono cresce. A vontade de dormir no período da tarde também passa a aumentar conforme envelhecemos, já que a fisiologia do sono diminui, e as horas dormidas com qualidade à noite passam a ser cada vez mais escassas.

Fontes: Alessandra Masi, especialista em Fisiologia, Ortopedia e Traumatologia pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e membro efetivo da International  Cartilage  Repair  Society (ICRS), e da American  Academy of Orthopaedic  Surgeons (AAOS); Fabio Porto, neurologista graduado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e médico dos Hospital das Clínicas (HC), Sírio-Libanês e Albert Einstein; Luciana Palombini, doutora em Ciências Médicas pela Unifesp e médica do grupo clínico e de pesquisa do Instituto do Sono.