Nosso corpo precisa de menos horas de sono conforme envelhece?
Você deve conhecer alguém que passou a dormir menos conforme envelheceu. Isso já deve até ter acontecido com você, que quando era mais novo ficava na cama até meio-dia nos fins de semana, e hoje não consegue permanecer deitado depois das 9h, não é? Normal...
Os cientistas indicam que, até os 60 anos de idade, o tempo de sono cai, mais ou menos, oito minutos por década para os homens e dez minutos para as mulheres. Mas por que isso acontece?
Por que dormimos menos quando envelhecemos
A diminuição no tempo de sono é um processo natural, que ocorre devido a mudanças fisiológicas, bioquímicas e psicológicas provocadas pelo envelhecimento.
Grosso modo, na infância e na adolescência, nosso corpo passa por diversas alterações, como crescimento dos ossos, puberdade. Com isso, o organismo tende a precisar de mais horas de sono para reparar ou construir tecidos, produzir hormônios etc. É por isso que crianças e jovens precisam dormir mais do que adultos --de 8 a 17 horas, dependendo da idade (veja na sequência da reportagem).
Na fase adulta, o tempo de sono necessário tende a se estabilizar até os 60 anos, e é o que todos conhecemos: de 7 a 9 horas. Após essa idade, o idoso saudável, além de dormir menos, tem mais dificuldade para iniciar o sono --e esse torna-se superficial e fragmentado. A pessoa passa a dormir e acordar mais cedo e a cochilar durante o dia.
Uma das explicações para o quadro é o fato de haver queda na produção de melatonina, hormônio responsável pela regularização do sono. O que também ocorre é que, conforme ficamos mais velhos, surgem problemas que interferem no processo de dormir, como dores e doenças crônicas, apneia do sono e depressão.
Quanto tempo precisamos dormir em cada idade?
- Até 1 ano: de 14 a 17 horas de sono;
- De 1 a 2 anos: de 11 a 14 horas de sono;
- De 3 a 6 anos: de 10 a 13 horas;
- De 7 a 13 anos: de 9 a 11 horas;
- De 14 a 17 anos: de 8 a 10 horas;
- De 18 a 65 anos, de 7 a 9 horas;
- Acima de 65 anos: de 6 a 8 horas.
Apesar dos especialistas determinarem uma quantidade de sono para cada faixa etária, existem pessoas que não se encaixam no padrão. Isso significa que elas podem dormir mais ou menos, sem que isso seja um problema. A preocupação surge apenas quando falta ou sobra sono.
Vale lembrar que dormir pouco aumenta o estresse no organismo e pode elevar o risco de problemas como obesidade, hipertensão, doenças do coração, diabetes tipo 2, além de prejudicar a memória.
Dormir menos não significa dormir mal
Toda essa modificação que acontece no sono quando envelhecemos não pode ser um incômodo. Mesmo dormindo menos, o normal é acordar descansado e pronto para enfrentar o novo dia. Se isso não acontecer, deve-se procurar um médico. Só ele será capaz de fazer o diagnóstico e prescrever um tratamento, quando necessário.
Fontes: André Fonseca, neurologista e especialista em sono do Hospital Santa Luzia, da Rede D’Or São Luiz; Leonardo Ierardi Goulart, neurologista especializado em sono do Hospital Israelita Albert Einstein; e Luciana Palombini, especialista em medicina do sono do Instituto do Sono de São Paulo e da Associação Brasileira do Sono (ABS).
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