Seu filho come mal? Saiba como fazer a criança ter uma alimentação saudável
Quantas vezes você já não ouviu que criança só come besteira? Ou então que o filho do seu amigo só come macarrão com salsicha? Acredite ou não, a culpa, no caso, não é do menino, mas sim dos seus pais. Essa foi a conclusão de um bate-papo sobre alimentação infantil que ocorreu no 10º Festival de Gastronomia Orgânica da Terra ao Prato, no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, neste sábado (4). O Festival que vai até amanhã conta com a participação do VivaBem.
Mediada pela criadora da feira, Leila D, a conversa reuniu Lara Folster, fundadora da Lanche&Co, empresa especializada em fornecer comida saudável para escolas, Gabriela Kapim, nutricionista e apresentadora do GNT, e Paula Mendonça, assessora pedagógica do Projeto Criança e Natureza do Instituto Alana.
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"A gente tem uma ideia de que comida de criança tem que ser fácil, mas tem coisa mais fácil do que descascar uma banana? É como se desse trabalho comer uma fruta ou uma salada ao invés de uma salsicha", disse Folster. De acordo com a empresária, os próprios pais criam uma teoria de que dar um salgadinho para o filho é mais prático do que uma fruta --e a culpa ainda é da criança quando ela não quer uma maçã de lanche.
"Eu recebo muitos pais que sempre falam que o filho só come salgadinho, bisnaguinha, bolacha recheada, etc. E eu pergunto: ‘Quem faz compra na sua casa, você ou a criança?’. Se você tiver fruta disponível e comida natural, dificilmente ele vai comer bolacha recheada", disse ela.
Claro que o problema vai além. Somos com frequência bombardeados de propagandas de alimentos industrializados e de embalagens sedutoras, que indicam um conteúdo falsamente saudável --quando, na verdade, é recheado de aditivos. "Mas é um processo", indica Kapim. "Óbvio que a criança não vai trocar o sorvete pelo jiló de um dia para outro, mas tem que encarar, apresentar a ela outras possibilidades."
A nutricionista explica que a iniciação aos sabores deve ocorrer desde cedo: "Quando fazemos introdução de alimentos com o bebê, geralmente se introduz primeiro a papinha doce e depois a salgada. Mas ninguém ensina para ele o sabor azedo e amargo."
Segundo Kapim, há o discurso de que as crianças hoje não saem mais de casa, só comem mal e vivem em frente à TV. "Mas elas são apenas reflexos dos adultos. Não ensinamos eles. Quanto mais demorada a apresentação a esses sabores, mais eles não vão gostar. A papila gustativa vai se adaptando, mudando, daí a importância de fazer com que elas recebam essa informação desde cedo."
'Não vemos os riscos dos industrializados'
De acordo com Mendonça, os pais acabam privando o filho de comer bem e experimentar outros paladares. Isso porque eles aceitam que a criança só come macarrão ou bife com batata frita, então não dão outra opção a elas.
Kapim concorda: a partir do momento que esse valor está no adulto, a criança absorve isso com naturalidade. "Por exemplo, tenho certeza que nenhuma mãe deixa o filho andar sem cinto de segurança, porque o risco de vida é notório. Ao comer um salgadinho, batata frita, nuggets, salsicha todos os dias, a criança não corre um risco de vida instantâneo, mas ele existe", afirma ela. "Eu atendo crianças com colesterol, diabetes, hipertensão, que antes eram doenças de adultos."
As especialistas concluem que o valor deve estar nos pais. Segundo elas, não adianta fazer ovo frito e arroz para o filho e o pai comer tabule com agrião. "Todos têm que comer bem e o mesmo prato. Isso sem é praticidade", diz Folster. Se a dúvida é por onde começar, comece por si mesmo. "Aprenda o que é alimentação saudável ensine as crianças. No mundo ela vai encontrar de tudo, mas o que ela tem dentro de casa consolida quem ela é e qual o seu valor."
E a comida deve fazer parte do dia a dia. Kapim pede para que os pais não deixem o contato da criança com o alimento apenas para a hora da refeição. Qualquer participação dela no processo faz diferença, do supermercado à preparação do prato. "Isso vai despertar a atenção dela para um alimento sem horário específico. Falar só na hora de comer é chato", diz ela.
A escola também entra nesse núcleo de conexão alimentar. "Se a criança não criar uma relação afetiva com o verde, como vai entender, querer ou estar motivada a fazer reciclagem do lixo ou mexer com alimentos vivos? A escola tem responsabilidade e potencial muito grande de trabalhar essas relações. O pátio tem que ser verde, oferecer diversidade de plantas, hortas", diz Mendonça.
"Nossa conexão com a natureza é através do alimento. Quando perdemos conexão é quando comemos industrializados. O pai tem que exigir da escola uma comida saudável, por exemplo, é um direito", conclui Leila.
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