'Agora posso tocar meu rosto', diz mulher mais jovem a transplantar a face
Já faz mais de um ano desde que Katie Stubblefield, 22, passou por uma operação de 31 horas para ganhar um novo rosto. A jovem teve a face deformada após tentar suicídio com um tiro de rifle sob o queixo aos 18 anos. Desde que recebeu seu transplante de rosto inteiro, Katie passou por três grandes cirurgias de revisão e tem trabalhado duro com terapia física, ocupacional e fonoaudiológica. Mas apesar de ser uma batalha difícil, a história da americana é um dos grandes sucessos no campo da medicina de ponta.
"Eu sou capaz de tocar meu rosto agora, e é incrível", disse Katie em um documentário sobre sua cirurgia, lançado pela National Geographic neste mês --a jovem também é capa da edição de setembro da revista da marca.
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Cinco semanas depois que Katie quase morreu do ferimento à bala, ela chegou à Clínica Cleveland, nos Estados Unidos, em extrema necessidade de cirurgia reconstrutiva. Um enxerto de tecido de seu abdômen foi realizado por médicos em Memphis, Tennessee, para onde foi transferida depois de receber atendimento de emergência em seu estado natal do Mississippi, mas essa tentativa de cobrir a ferida aberta em seu rosto foi fracassada.
Ao longo dos dois anos seguintes, os médicos lentamente reconstruíram uma nova face e mandíbula usando partes de seu osso da perna, calcanhar, remodelando o tecido da coxa e implantes de titânio --utilizando um modelo impresso em 3D da face da irmã mais velha de Katie.
Devido ao nível de danos, no entanto, a equipe médica sabia que a única maneira de dar a Katie algo próximo a um rosto normal seria um transplante parcial ou total. Ela e sua família concordaram, e Katie entrou na lista de espera do transplante e começou a avaliação psicológica intensiva necessária para aprovação.
A operação substituiu quase 100% do tecido facial de Katie, incluindo as órbitas oculares, maxilar inferior e parcial e dentes, músculos e pele faciais, parte dos nervos do rosto e testa, couro cabeludo, pálpebras, nariz e bochechas.
Pouco mais de um ano depois da cirurgia, os nervos que conectam seu cérebro aos novos músculos faciais ainda estão crescendo, então ela se esforça para mover o rosto. Sua língua e boca, que perderam os músculos e nervos originais, ainda não estão funcionando bem e ela precisará tomar medicamentos imunossupressores em grandes quantidades pelo resto da vida. Mas o resultado é surpreendente para ela, que não esperava conseguir sua face de volta.
Machucada e com raiva
Na entrevista à National Geographic, a jovem conta que quando ela estava no ensino médio, a família se mudou de Lakeland, na Flórida, onde ela cresceu, para Owensboro, no Kentucky. Ela tinha acabado de se instalar quando eles se mudaram novamente, um ano depois, para Oxford, Mississippi. Na época, ela ainda estava lutando com problemas gastrointestinais crônicos e cirurgias de remoção do apêndice e da vesícula.
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Katie ainda descobriu uma traição do namorado, que terminou o relacionamento. De acordo com a revista, machucada e com raiva, a adolescente foi até a casa de seu irmão, trancou-se no banheiro e usou o rifle de caça dele para atirar embaixo de seu queixo. Ao arrombar a porta, Robert encontrou sua irmã mais nova coberta de sangue. "E seu rosto havia desaparecido", conta ele.
Parte de sua testa foi arrancada pela bala, assim como seu nariz e seios da face, sua boca, exceto pelos cantos de seus lábios, grande parte de sua mandíbula e maxilar, e os ossos que compõem a frente do rosto. Seus olhos permaneceram, mas estavam tortos e gravemente danificados.
Com a operação, Katie se tornou a pessoa mais jovem a receber um transplante facial nos Estados Unidos e uma das 40 pessoas a passar por esse procedimento desde que o primeiro transplante facial parcial foi realizado por uma equipe cirúrgica espanhola em 2005.
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