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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Câncer que matou Aretha Franklin costuma ser agressivo; conheça os sintomas

O câncer de pâncreas, que matou a cantora Aretha Franklin, é mais comum em idosos - Reprodução
O câncer de pâncreas, que matou a cantora Aretha Franklin, é mais comum em idosos Imagem: Reprodução

Maria Júlia Marques

Do VivaBem, em São Paulo

16/08/2018 18h26

A cantora Aretha Franklin morreu nesta quinta-feira (16), aos 76 anos, após batalha contra um câncer no pâncreas. A doença é agressiva e apresenta alta taxa de mortalidade, o que faz com que médicos recomendem atenção máxima aos sintomas, uma vez que quanto antes o tumor for diagnosticado maiores são as chances de sucesso no tratamento.

A americana teve um tipo de câncer de pâncreas raro, o neuroendócrino. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), a maior parte dos pacientes (90%) apresenta o tipo adenocarcinoma. As duas formas da doença têm diversos sintomas semelhantes e merecem muita atenção. 

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O câncer de pâncreas é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados no Brasil e por 4% do total de mortes pela doença. Detectar o problema não costuma ser uma tarefa fácil por dois motivos: o pâncreas está “escondido” na cavidade mais profunda do abdômen, atrás de outros órgãos, e seus sintomas iniciais podem ser confundidos com outras doenças.

“É preciso ter um olhar muito clínico com os sintomas, os sinais de câncer no pâncreas não costumam ser associados de primeira à doença. Pacientes até fazem exame de sangue, por exemplo, mas não passam por tomografia ou ressonância, que realmente apontariam para o câncer”, diz Marcos Belotto, gastrocirurgião oncológico do hospital Sírio Libanês e professor do grupo de pâncreas da Santa Casa de São Paulo.

Quais os sintomas?

Quem tem câncer de pâncreas, principalmente o adenocarcinoma (o mais comum), costuma sentir sinais como perda de apetite, náuseas, má digestão e dor abdominal, o que no dia a dia é facilmente confundido com o fato de ter comido algo estragado, ou de estar sob forte estresse. Para não achar que a grave doença é apenas um desconforto banal, entenda os sintomas do câncer:

  • Perda de peso: “Não é só emagrecer, os pacientes geralmente perdem mais de 10% do peso em um intervalo de um ou dois meses”, explica Belotto. Além disso, há redução de apetite, náuseas e dificuldade de digestão, um sentimento de comida parada no estômago.
  • Dor abdominal e nas costas: “Esses são os sintomas comuns em casos de câncer de pâncreas. A dor pode ser na região epigástrica --na altura do estômago -- ou lombar, depende da localização do tumor”, afirma Felipe Ades, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO). Isso porque quando o tumor começa a crescer pode comprimir os órgãos vizinhos, causando dores. 
  • Fadiga: ter um sentimento de cansaço e queda do nível de energia para fazer as atividades diárias que o paciente já estava habituado são queixas recorrentes. Também pode aparecer tontura.
  • Icterícia: É a presença de uma cor amarelada na pele, mucosas e/ou nos olhos, conhecida também como amarelão. Existem outras causas para icterícia além do câncer de pâncreas, como hepatite. No caso do tumor, a cor aparece pela compressão das vias biliares, os tubinhos que conectam o fígado e a vesícula biliar, segundo Ades.
  • Diabetes: "O pâncreas é o órgão que controla o nível de açúcar no corpo. Como o câncer inflama o pâncreas, ele não consegue trabalhar direito e fica um tanto doido”, explica Belotto. “Quero dizer que pacientes diabéticos controlados de repente têm um desequilíbrio notável e precisam de insulina, e aqueles que não tinham diabetes passam a apresentar a doença e precisar de insulina logo de cara”, completa. 

Já os cânceres de pâncreas neuroendócrinos são divididos em funcionais e não funcionais e apresentam sintomas diferentes, de acordo com Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos.

Sintomas do câncer de pâncreas neuroendócrino funcional

  • Inchaço do estômago;
  • Dor abdominal ou câimbras na região;
  • Refluxo gastrointestinal;
  • Redução ou aumento da glicose no sangue (dependendo dos hormônios afetados);
  • Diarreia;
  • Perda de peso sem motivo;
  • Desidratação;
  • Icterícia.

Sintomas do câncer de pâncreas neuroendócrino não funcional

  • Diarreia;
  • Indigestão;
  • Nódulo no estômago;
  • Dor abdominal ou nas costas;
  • Icterícia.

Qual a causa do câncer de pâncreas?

Ainda não é possível dizer qual a exata causa do crescimento do tumor no pâncreas. Porém, existem fatores que são relacionados diretamente com o aparecimento da doença.

O uso excessivo de álcool, a obesidade e o histórico familiar aumentam a probabilidade de ter o problema. Além disso, quem sofre de quadros de inflamação de pâncreas por repetição ou pancreatite de repetição corre mais risco de câncer.

Cigarros também influenciam no aparecimento do câncer de pâncreas. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), fumantes têm três vezes mais chances de desenvolver a doença.

No caso de Arehta, a cantora admitiu durante a década de 1980 ter problemas com o cigarro e álcool. Em 1992, ela parou de fumar porque estava "estragando sua voz".

O câncer de pâncreas se dá com maior frequência em idosos, entre os 60 e 70 anos, e a incidência é mais significativa entre homens.

Como funciona o tratamento?

Para ter um tratamento é preciso analisar o tamanho do tumor. “Se descobrimos quando ele está pequeno, restrito ao pâncreas, fazemos uma cirurgia e removemos a doença como um todo. Após o procedimento, pode ser indicado fazer quimioterapia para aumentar as chances de cura”, afirma Ades.

Caso o tumor esteja muito grande ou a doença tenha se espalhado para outros órgãos, médicos podem indicar quimioterapia para aliviar os sintomas e prolongar a vida do paciente, mas não há cura.

“O problema é que a doença é muito silenciosa, as pessoas não notam os sintomas. Assim, acabamos conseguindo detectar a tempo de cirurgia somente cerca de dois casos em cada dez diagnósticos”, diz Ades.

Com o problema do diagnóstico tardio, atualmente apenas uma em cada dez pessoas diagnosticadas com câncer de pâncreas sobrevive mais do que cinco anos, segundo a Pancreatic Cancer UK, organização que luta contra essa doença no Reino Unido. 

“Os pacientes precisam ficar atentos e não devem negligenciar os sintomas. Além disso, acredito que precisamos investir em métodos que consigam rastrear o câncer no pâncreas quando ele ainda está pequeno, um teste preventivo, como hoje em dia fazemos com o câncer de mama”, conclui Ades.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
O câncer de pâncreas de Aretha Franklin era do tipo neuroendócrino, o que não havia sido informado.