Novo micro-órgão é descoberto no sistema imunológico
O corpo humano ainda é um universo cheio de mistérios para a ciência. Depois da descoberta dos órgãos mesentério e interstício, pesquisadores identificaram outro "micro-órgão" dentro do sistema imunológico de camundongos e seres humanos.
Os cientistas do Instituto Garvan de Pesquisa Médica da Austrália descobriram estruturas finas e planas em cima dos gânglios linfáticos do sistema imunológico que eles chamaram de "focos proliferativos subcapsulares" (ou SPFs).
Veja também:
- Minicérebros criados por brasileiros ajudam a entender o cérebro humano
- Cientistas descobrem qual a relação entre microbiota e sistema imunológico
- Adulto também precisa de vacina, mas falta de informação diminui imunizados
Esses SPFs parecem funcionar como quartéis-generais biológicos para planejar um contra-ataque à infecção. Mas eles só aparecem quando o sistema imunológico está lutando contra invasões que já foram encontradas antes.
Descoberta foi “sorte”
As abordagens tradicionais de microscopia analisam fatias finas de tecido 2D e os pesquisadores acham que é por isso que os FPSs não foram vistos antes --eles são muito finos e só aparecem temporariamente.
Dessa vez, a equipe fez o equivalente a um filme em 3D do sistema imunológico em ação, que revelou muitos tipos diferentes de células imunes nesses FPSs. Uma delas, que continha células de memória do tipo B (que dizem ao sistema imunológico como combater uma infecção específica) se transformam em células de plasma para produzir anticorpos e fazem o trabalho real de combater a ameaça.
"Foi emocionante ver as células B de memória sendo ativadas e agrupadas nesta nova estrutura que nunca havia sido vista antes", diz um dos integrantes da equipe, Imogen Moran. "Nós a vimos se movimentando, interagindo com todas essas outras células do sistema imunológico e se transformando em células plasmáticas diante de nossos olhos".
O trabalho foi publicado no periódico Nature Communications na quarta-feira (22).
Vacinas à vista
Segundo os cientistas, esse novo órgão pode ajudar no desenvolvimento de vacinas mais eficazes no futuro.
As vacinas são baseadas no fato de que, uma vez que o corpo tenha encontrado um tipo específico de infecção, ele é mais capaz de se defender contra isso na próxima vez. Essa nova pesquisa sugere que o micro-órgão pode ser a chave para a maneira como nosso corpo "lembra" a imunidade.
"Quando você está combatendo bactérias que podem duplicar em número a cada 20 ou 30 minutos, cada momento é importante", diz o pesquisador sênior Tri Phan. "Para ser franco, se o seu sistema imunológico leva muito tempo para montar as ferramentas para combater a infecção, você morre."
É por isso que as vacinas são tão importantes. A vacinação treina o sistema imunológico, para que ele possa produzir anticorpos muito rapidamente quando uma infecção reaparece. O problema é que até agora os cientistas não sabiam como e onde isso acontece.
Segundo os pesquisadores, as estruturas do SPF no topo dos linfonodos os posiciona perfeitamente para combater infecções --e rápido.
Atualmente, as vacinas se concentram na produção de células B de memória, mas este estudo sugere que o processo poderia ser mais eficiente também observando como elas se transformam em células plasmáticas por meio do funcionamento interno de um SPF.
"Essa é uma estrutura que está lá desde o começo, mas ninguém a tinha visto ainda, porque não usavam as ferramentas certas", diz Phan. "É um lembrete notável de que ainda existem mistérios escondidos dentro do corpo --embora nós, cientistas, examinemos os tecidos através do microscópio há mais de 300 anos".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.