Jovem perdeu o dedo, mas não porque roía as unhas; médicos explicam
Na última semana, um caso ocorrido na Austrália chamou a atenção da mídia internacional: uma jovem de 20 anos chamada Courtney Whithorn teve que amputar o polegar de sua mão direita, devido a um melanoma acrolentiginoso subungueal, um tipo raro de câncer de pele.
O ponto mais inquietante do caso de Courtney foi que os jornais associaram a ocorrência da doença com o hábito da jovem de roer unha. Será que isso pode, de fato, resultar em um quadro tão sério?
"Nesse caso, o que posso dizer é que tudo não passou de coincidência", explica Luiz Guilherme Martins Castro, dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, apontando que ela provavelmente teria a doença mesmo que não roesse unha.
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A opinião é endossada por Denise Steiner, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), que afirma que roer unha, em si, não tem relação direta com o câncer de pele. "O que pode ocorrer é o aumento do risco de desenvolver a doença, uma vez que a pessoa mantém a região machucada e inflamada por muito tempo. Seria um fator a mais e não algo determinante" explica.
A situação muda um pouco quando falamos de outro tipo de câncer de pele, o carcinoma, que está mais relacionado a traumas e cicatrizes. Ou seja: deixar um machucado na unha exposto por tanto tempo pode possibilitar o aparecimento do quadro. "Ainda assim, seria raro", aponta Castro, dizendo que isso só teria chance de ocorrer em casos extremos.
Sinais de atenção
Courtney contou aos jornais internacionais que sempre roeu as unhas, mas intensificou esse hábito em 2014 devido ao bullying que sofria na escola. Ela fazia isso de forma tão intensa que, em determinado momento, o seu polegar ficou completamente sem unha.
A jovem disse que só buscou ajuda quando viu que sua pele estava mudando de cor. Após procurar tratamento para fins estéticos, o médico consultado notou algo estranho e pediu uma biópsia, que indicou o câncer. Ela contou ao jornal Metro que chegou a usar unhas postiças por quatro anos, tentando esconder os danos ao dedo e à pele de sua família e amigos.
O sintoma de ter uma unha escurecida já pode representar um problema maior. "Quando isso ocorre, é preciso realizar exames para averiguar a presença de um melanoma", alerta Steiner.
Às vezes a unha escurece um pouco devido a outros fatores, como etnia, trauma local, remédios. De qualquer maneira, é preciso examinar caso a caso. "É um sinal de alerta, especialmente porque um melanoma na região da unha é complicado de ser abordado", afirma a especialista.
Segundo a imprensa internacional, no caso de Courtney, mesmo após duas cirurgias - e com exames já não encontraram células cancerígenas - o cirurgião responsável pela garota foi alertado que, no caso dela, o protocolo era a amputação. Isso ocorreu em uma quarta cirurgia. Agora, ela terá que fazer exames periódicos para ver se a doença, de fato, está sob controle.
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