Nunca ter beijado ou transado na vida adulta é ser assexual?
"Tenho 20 anos e nunca beijei nem transei. Como sei se sou assexual?"
Para descobrir se uma pessoa é assexual, ela deve identificar, em primeiro lugar, se tem desejo de fazer sexo. Em seguida, perceber se essa condição traz angústia ou sofrimento. Caso não haja a vontade de transar e isso não cause nenhum tipo de desconforto, culpa ou simplesmente o desejo de mudar a situação, provavelmente o indivíduo é assexual. Por outro lado, as pessoas com essa orientação sexual podem se sentir bem com a troca de carícias e beijos. Há relatos de assexuais que sentem desejo sexual e, quando isso ocorre, podem satisfazê-lo por meio da masturbação.
Por isso, a assexualidade pode ser considerada uma orientação sexual, assim como existem heterossexuais, homossexuais, bissexuais e pansexuais. É diferente de celibato, que é quando o desejo sexual pode estar presente, mas o ato não é realizado por outros motivos, como a religião, por exemplo. É importante entender que a percepção a respeito da própria sexualidade pode mudar ao longo do tempo. Assim, uma pessoa que se julgava assexual pode conhecer alguém por quem se apaixone ou sinta tesão e, então, opte por fazer sexo.
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Quando a falta de vontade de transar causa algum sofrimento, não se pode falar em assexualidade. Nesse caso, provavelmente o indivíduo tem o que é chamado de transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH), condição em que o paciente não apresenta nenhum desejo sexual ou, quando tem, é muito menor do que ele gostaria. O TDSH pode estar relacionado a fatores hormonais, psicológicos ou mistos, como um período de estresse ou uso de medicação que impactam a libido, e tem tratamento. É importante saber, portanto, que pessoas assexuais não sofrem desse tipo de transtorno. No caso delas, a ausência de desejo não significa necessariamente um problema. Trata-se do modo como ela se relaciona com o mundo e com a própria sexualidade.
Fontes: Gabriela Malzyner, psicóloga pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e professora do Curso de Formação em Psicanálise (CEP/SP); Giovane Oliveira, psicólogo especialista em sexologia pela Faculdade de Medicina do ABC e em psicologia clínica hospitalar pelo Hospital das Clínicas da USP; e Nelly Kobayashi, médica pós-graduada em sexualidade humana pela Faculdade de Medicina da USP.
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