Por que o número de pessoas com diabetes cresceu tanto no Brasil?
Entre 2006 e 2016, a quantidade de brasileiros com diabetes aumentou 61,8%, de acordo com uma pesquisa realizada pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde. Mas o que está por trás desse número?
O principal culpado é o ganho de peso. "Estar acima do peso se tornou algo normal. Quando eu era criança, só havia um colega de classe obeso. Hoje, na sala dos meus filhos a maioria é obesa. Isso é perigoso, essa condição está relacionada a diversas doenças, inclusive o diabetes tipo 2", afirma Stephen Gough, ex-professor e líder de grupos de pesquisa sobre diabetes, endocrinologia e metabolismo na Universidade de Oxford (Reino Unido) e diretor médico da Novo Nordisk.
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Enquanto o tipo 1 da doença é genético, afetando em sua maioria crianças, o diabetes tipo 2 sempre foi associado à idade e a um hábito de vida nada saudável, como o sedentarismo, o tabagismo e a dieta desequilibrada. Entretanto, ultimamente o número de crianças com diabetes tipo 2 vem crescendo também. O que é mais um argumento para associar a doença ao sobrepeso. Um alerta divulgado em 2017 pela Federação Mundial de Obesidade estima que o Brasil terá 11,3 milhões de crianças obesas em 2025.
Segundo Gough, para piorar, o país está envelhecendo e vivendo cada vez mais, o que também influencia os dados alarmantes sobre o diabetes.
Durante o congresso European Association for the Study o f Diabetes (EASD), em Berlim, na Alemanha, Mike Doustdar, vice-presidente executivo de operações internacionais da Novo Nordisk, sugeriu que o estilo de vida mais urbano também está por trás do aumento do diabetes no Brasil. "Podemos comparar o país com a China. Antes de ele crescer economicamente, não havia tantos casos da doença. Mas depois de milhares migrarem do campo para a cidade e terem mais acesso às coisas, tudo mudou."
É perigoso o impacto na saúde do estilo de vida das cidades, repleto de "facilidades", que vão de alimentos ultraprocessados à inatividade gerada por carros. "Nós fumamos, comemos mal, não nos exercitamos e, principalmente, engordamos", diz Doustdar.
Apesar de o mecanismo dessa associação ainda não ser claro para a ciência, a obesidade é considerada o principal fator de risco para o diabetes tipo 2. E como a doença não tem cura, é importante prestar atenção à prevenção.
"Queremos que as próximas gerações sejam mais conscientes. É como a história de tirar o refrigerante das escolas. É preciso um esforço global para entender que o diabetes virou uma pandemia", defende Doustdar.
E tudo começa com a consciência de que a obesidade é uma doença que merece atenção. "Quando você pergunta para alguém que tem diabetes qual é a sensação, ela diz que tem medo. Quando fazemos a mesma pergunta para quem tem obesidade, a resposta é vergonha, culpa. Não deve ser assim. A doença tem a questão de balanço de calorias, mas também tem a falha genética de absorção calórica maior do que o resto da população. Precisamos explicar o que é e que elas precisam de ajuda", explica ele.
Segundo Doustdr, a solução é trabalhar medicamento, exercício, alimentação, tudo. As pessoas precisam entender que a obesidade leva ao diabetes, a problemas cardiovasculares, à depressão e ao câncer. "Mais pessoas estão morrendo devido ao sobrepeso do que por fome. É hora de acordar."
*A jornalista viajou a convite da Novo Nordisk.
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