Sempre aceita tudo? 6 dicas para aprender a dizer mais 'não' no dia a dia
Ocasionalmente, dar uma resposta negativa a um pedido, recusar um convite ou simplesmente se negar a fazer algo pode ser uma ação simples de realizar. Mas para algumas pessoas dizer "não", transforma-se no sinônimo de magoar alguém, de entrar em uma discussão com prejuízo para relações sociais, podendo gerar insegurança, piorar um problema de timidez ou até mesmo levar ao rompimento de laços afetivos.
Seria possível aprender a dizer "não"? Ironicamente a resposta é sim --e o UOL VivaBem reuniu seis dicas simples, que você pode aplicar no dia a dia, para começar a mudar um hábito potencialmente danoso para sua saúde emocional.
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1. Acredite em você
Algo que impede muita gente de dizer "não" é o medo de magoar alguém. Isso acontece, na maioria das vezes, porque há uma supervalorização da opinião do outro e, ao fazer isso, deixa-se de confiar nas próprias convicções. Este perfil de personalidade está muito mais propenso a ter quedas bruscas de autoestima e autoconfiança.
É quase como se a dificuldade de dizer "não" viesse de uma forma parecida com um tipo de gratidão pela outra pessoa aceitá-la do jeito que ela é.
É o caso de Mariana Brescia, de 22 anos, que viu sua vida mudar quando encontrou na terapia as respostas para trabalhar melhor sua autoconfiança. "Trabalhar a minha autoestima foi muito importante porque eu consegui me sentir mais independente, mais capaz de me posicionar e de me afirmar", conta. "Aos poucos eu fui desabrochando e vendo que eu não dependia de outras pessoas e que eu podia e deveria dizer 'não'", conclui.
2. Saiba seus limites
Em graus mais extremos, pessoas com muita dificuldade em dizer "não" podem ter a tendência de entrar em relacionamentos abusivos, sejam eles relações de trabalho, amizade, familiar ou do campo amorosos. Isso acontece por um motivo simples: dizer "não" é se posicionar e falar e expor os seus limites pessoais. Quando isso não acontece, existe uma dificuldade em respeitar a si mesmo permitindo que o outro esteja sempre numa posição de controle.
A dificuldade de entender seus próprios limites tornou-se um problema para Emerson* (nome fictício), de 28 anos. Ele nunca conseguiu terminar namoros ou mesmo flertes. "Ou eu deixei ficar ruim a ponto da outra pessoa terminar, em relacionamentos mais sérios, ou sumia. E isso sempre me gerou culpa, junto com uma muleta de que, ao ser uma pessoa ruim, a outra pessoa aceitaria mais facilmente o meu 'não'", relembra.
Para evitar este tipo de situação "bola de neve", vale a pena avaliar situações repetitivas e que indicam que você pode ter ultrapassado seus limites. Este é um ótimo caminho para entender quando estes momentos irão se apresentar no futuro mais uma vez, para que seja possível lidar com eles antecipadamente, não apenas evitando o medo do "não" como impedindo que outra pessoa seja afetada negativamente por isso.
3. Aprenda a lidar com a frustração das outras pessoas
Às vezes algumas pessoas superestimam a importância de si mesmos no dia a dia de quem está ao redor, o que pode levar a grandes dificuldades na hora do "não". Emerson* luta para lidar com isso até hoje. "Acabo achando que tenho um efeito maior na vida das pessoas do que realmente tenho, como se pudesse fazer muito mal", explica. "Na minha cabeça, fragilizo as pessoas ao dizer 'não' para elas e, com medo das consequências, evito fazer isso."
Vale lembrar que pessoas não costumam deixar de gostar ou de respeitar quem que se negou a fazer algo para o seu próprio bem. Saber lidar com o outro é uma arte que precisa ser postar em prática, por exemplo, sem exagerar um problema e tornar um desencontro de ideias ou vontades o fim dos tempos.
Este foi um verdadeiro desafio para Mariana. "Eu penso que deveria ceder e aceitar tudo sem questionar para não ser punida com o abandono dessas pessoas, porque eu seria incapaz de fazer qualquer coisa sem elas", diz.
4. Evite o 'sim' contrariado
Sabe aquelas situações em que alguém diz "sim" falando "não" a si mesmo? Eis um "sim contrariado". Poder falar "não" sem culpa é entender que às vezes entre a necessidade do outro há um sacrifício que você não está disposto a fazer.
Evitar um "sim" dito a contragosto é, no fim das contas, o caminho mais honesto e menos esburacado para evitar situações que carregam o potencial de tornarem-se grandes dores de cabeça em um futuro próximo. Mudar de ideia é possível. No dia a dia o melhor é pensar antes de agir e, quando agir, ter certeza de que pode manter essa escolha.
5. Troque a timidez pela confiança em suas escolhas
A palavra-chave, aqui, é planejamento. Quando você pensa nas possibilidades de uma decisão, se sente melhor por manter o que decidiu e feliz por ter a capacidade e liberdade de pensar e escolher. Ficar bem com suas escolhas é ficar em paz com o que se deseja, pois sabe que fez aquilo que era certo para você, dentro dos seus valores e pensamentos. Ficar bem com as escolhas é conseguir arcar, no dia a dia, com a responsabilidade de seus pensamentos e desejos.
6. Enfrente as situações
Situações de enfrentamento nunca são boas, porque na maior parte das vezes são embates em que você precisa defender seu lado, enquanto o outro faz o mesmo com seu ponto de vista. Pessoas que têm medo de enfrentamento criam a fantasia de que ele vai fazer com que o outro transforme o sentimento bom que une essa relação em um sentimento destrutivo e a abandone.
Lá no fundo ninguém gosta muito de ser contrariado --mas saber dizer "não" com coerência, jeito e carinho contribui para um boa relação. Para conseguir dizer "não" e ainda ficar em paz com sua escolha, é preciso gerenciar melhor as emoções. Saber impor limites aos outros, respeitando seu tempo e espaço é algo muito importante para melhorar o seu sentimento de autoestima.
Quem sempre diz "sim" não consegue fazer o que quer, mas apenas o que acha que os outros querem e esperam de você. Quem consegue dizer "não" é uma pessoa que respeita a si e aos outros, afinal, saber os próprios limites ajuda na relação com as pessoas.
Fontes: Flávio de Moraes Milaré, psiquiatra e especialista em psicopatologia fenomenológica e membro do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da Vila Prudente (SP); Adriana de Araújo, psicóloga clínica e especialista em Programação Neuro Linguística, hipnose e coaching de vida; Pedro Del Picchia, psicólogo existencial e diretor da Clínica Claritas; Guilherme Conti, psicólogo e mestre em filosofia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
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