Sem medo da solidão: ficar sozinho pode até fazer bem, veja como
Você se sente confortável sozinho? Para muita gente, a solidão é um fardo difícil de carregar. Mas existem aqueles que ficam bem e até buscam por momentos em que possam estar a sós.
A verdade é que a solidão tem um lado negativo, mas também um positivo. E, ao contrário do que se possa acreditar, viver rodeado de gente ou mesmo ser casado não garante uma vida longe da solidão.
Um estudo, feito por pesquisadores da Vrije Universiteit, em Amsterdã (Holanda) e publicado no periódico The Journals of Gerontology, concluiu que uma parte dos idosos casados sente-se socialmente ou emocionalmente solitários, de forma moderada ou forte. Ainda segundo a pesquisa, esta sensação surge quando o cônjuge possui alguma doença, quando falta apoio emocional ou conversas frequentes com o parceiro, além de episódios de discordâncias entre eles e vida sexual não satisfatória ou inexistente.
Isso porque a qualidade dos relacionamentos --que pode ser medida pela boa sintonia com quem e o que nos cerca -- conta mais pontos do que a quantidade de pessoas com as quais nos relacionamos. Isso explica porque existem pessoas que, mesmo casadas ou com uma extensa lista de conhecidos, sentem-se sozinhas.
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Solidão crônica
Períodos curtos de isolamento são comuns. Todos passamos por isso, inclusive crianças e jovens, e não há com o que se preocupar. O problema acontece quando o estar sozinho torna-se crônico, ou seja, persistente.
Este tipo de sentimento é caracterizado pela sensação de abandono, de não ter alguém com quem conversar abertamente, de falta de carinho e atenção, além de inadequação. Neste caso, a solidão pode, de fato, desencadear problemas de saúde. Alguns deles são insônia, depressão e ansiedade.
Um estudo feito no King’s College, de Londres, com mais de 2 mil jovens de 18 anos mostrou que, dentre os que se sentiam sozinhos, havia o dobro de chances de desenvolver depressão e ansiedade. Também foram reportadas mais automutilações e tentativas de suicídio.
Mas não é só: um estudo da Universidade de Chicago e uma meta-análise feita na Brigham Young University (EUA), concluíram que levar uma vida solitária aumenta as chances de morte prematura tanto ou mais do que outros fatores de risco conhecidos, como a obesidade.
Então é impossível ser feliz sozinho?
Não. Estar só por curtos períodos, estar sozinho faz bem. Um estudo da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, estabeleceu uma relação entre pessoas que gostavam de estar sós de vez em quando com criatividade.
A pesquisa cruzou os dados de 295 voluntários. Aqueles que foram classificados como tímidos ou antissociais tiveram menos pontos do que a média no quesito criatividade. No entanto, um terceiro tipo de personalidade, chamada de “unsociable” (insociabilidade) pelos pesquisadores e definidos como pessoas que procuram a solidão de tempos em tempos e de maneira voluntária, marcaram pontos mais altos neste mesmo quesito.
Não é possível definir quanto tempo essa solidão deve ou pode durar, já que isso é algo muito pessoal e variável. No entanto, pode-se dizer que a diferença entre este tipo de solidão e a crônica, além do tempo de duração, é que este é um isolamento realizado por vontade própria e não por medo, falta de vontade de interagir socialmente ou fruto de uma timidez excessiva.
Ficar a sós funciona como uma espécie de “carregador de bateria”. É um tempo para reorganizar e elaborar as ideias, tomar decisões sem influências externas, descansar, se recolher, pensar na vida. Traz renovação emocional, melhora da percepção de si.
No entanto, estar apenas consigo mesmo pode ser bastante difícil, já que é preciso apoiar-se apenas na própria companhia. Somos ensinados desde cedo a buscar o outro e tê-lo como um referencial de nós mesmos. Também é um momento em que podemos encontrar pensamentos desagradáveis ou difíceis de encarar.
Nem sempre é uma tarefa simples, mas vale a pena ser testada. Para isso, comece desligando os aparelhos eletrônicos e se recolhendo apenas por alguns minutos por dia e vá aumentando esse tempo pouco a pouco. Depois você pode começar a fazer pequenas coisas sozinho, como ir ao cinema, sair para ler no parque. Pouco a pouco você pode se acostumar com esses pequenos momentos de prazer.
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