Os motivos errados de os pais não vacinarem seus filhos contra HPV nos EUA
Mesmo a vacina sendo recomendada e comprovadamente segura, alguns pais ainda não pensam em vacinar seus filhos
Apesar da recomendação do Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP) de incluir a vacina como parte da série de vacinação infantil de rotina, o uso atual dela permanece relativamente baixo. Nos Estados Unidos, em 2016, o ano mais recente para o qual os dados sobre as taxas de vacinação estão disponíveis, apenas 50% das mulheres e 38% dos homens que poderiam tomar completaram a série de vacinas.
No Brasil a situação é semelhante: a cobertura da vacinação completa é de 52,9% entre as meninas e apenas 8% entre os meninos, segundo dados do infectologista Rico Vasconcelos.
E isso ocorre mesmo com o fato de a vacina contra o HPV já ter se mostrado promissora ao ajudar a proteger contra diferentes tipos de câncer, como de colo do útero, vagina, vulva, orofaringe e ânus. Estudos mundiais mostraram que a vacina é virtualmente 100% eficaz e muito segura, com a FDA (Food and Drugs Administration, órgão norte-americano que regula alimentos e medicamentos) concluindo que a grande maioria dos efeitos colaterais é pequena e que os benefícios continuam a superar as contraindicações.
Por isso, cientistas da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health ficaram interessados nos dados e buscaram entender melhor por que as pessoas não estavam sendo vacinadas.
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Para o estudo, eles analisaram os dados da Pesquisa Nacional de Imunização Adolescente (NIS-Teen) 2010-2016, uma série de pesquisas anuais de monitoramento de vacinas conduzidas pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.
Durante esses anos, a pesquisa incluiu perguntas sobre se os pais planejavam vacinar seus filhos contra o HPV se já não o tivessem --e, se não, por que eles estavam optando por não o fazer. A equipe de pesquisa analisou as respostas a essa pergunta específica, que foi feita em 2010 e 2016. No total, 4.701 pais de meninas e 9.491 pais de meninos com idades entre 13 e 17 anos responderam ao questionamento.
A equipe descobriu que, para as meninas, as quatro principais razões pelas quais os pais deram para não vacinar permaneceram relativamente estáveis entre 2010 e 2016. Elas incluíram:
- Preocupações com a segurança da vacina: que já foram derrubadas, já que estudos mostram que ela 100 eficaz e segura;
- Falta de necessidade: o que não é verdade, já que 80% dos americanos com vida sexual ativa serão expostos ao vírus em algum momento da vida, de acordo com a American Sexual Health Association;
- Falta conhecimento e falta de indicação médica: o que eles pretendem sanar com mais campanhas de conscientização;
- Falta de atividade sexual: no entanto, mesmo que seu filho não faça sexo agora, o ideal é protegê-lo antes que ele entre em contato com o vírus do HPV.
Para os meninos, os motivos foram semelhantes, incluindo, ainda, o gênero, no entanto, sabe-se que os homens também podem ser expostos e ter malefícios com o HPV, como desenvolvimento de cânceres da orofaringe.
Os resultados demonstram que os pais não estão muito preocupados com a atividade sexual, e os responsáveis pela análise afirmam que as campanhas de saúde pública deveriam focar nas preocupações sobre segurança e necessidade da vacina tanto para meninos quanto para meninas.
"Acreditamos que todos os médicos precisam ser defensores dessa vacina que tem o potencial de prevenir dezenas de milhares de casos de câncer a cada ano. Fornecer uma recomendação forte é uma maneira poderosa de melhorar as taxas de vacinação", diz Anna Beavis, uma das responsáveis pelo estudo.
Por que a vacinação contra HPV é importante
A maioria dessas infecções por HPV desaparece sem sintomas. No entanto, este vírus é sexualmente transmissível e pode causar verrugas genitais e tumores benignos no trato aerodigestivo, uma condição denominada papilomatose laríngea.
No Brasil, um estudo recente do Ministério da Saúde com jovens entre 16 a 25 anos de idade mostrou que foi encontrado algum tipo de HPV em 54,6% das meninas e 51,8% dos meninos.
O HPV pode ser transmitido por outros meios que não a relação sexual. O Instituto Guttmacher, que realiza pesquisas independentes sobre atividade sexual, doenças sexualmente transmissíveis e saúde reprodutiva, informa que cerca de 50% dos adolescentes de 15 a 19 anos fazem sexo oral com um parceiro sexual oposto e 1 em 10 faz sexo anal com sexo oposto parceiro.
Os resultados, publicados no periódico Journal of Adolescent Health, podem ajudar as autoridades de saúde pública e sociedades profissionais a desenvolver novas intervenções para aumentar as taxas de vacinação contra o HPV.
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