Qual a importância do ácido fólico na gravidez? Metilfolato é melhor?

O ácido fólico, também conhecido como folato, é uma vitamina do complexo B essencial para a gestação saudável. Além de contribuir para evitar anemia, parto prematuro e depressão pós-parto da mãe, o nutriente é importante para a formação da medula espinhal e do cérebro do bebê. Por isso, toda grávida precisa de um aporte maior da substância —entre 0,4 mg e 0,8 mg por dia.

Estima-se que uma em cada 700 crianças brasileiras apresente doenças relacionadas à falta de folato durante a gestação, como paralisia e problemas mentais.

A questão é que dificilmente dá para obter a quantidade suficiente apenas pela alimentação, daí vem a necessidade da suplementação.

Qual a função do folato na gestação

O folato é a forma natural da vitamina B9, encontrada em hortaliças verde-escuras (espinafre, couve, rúcula), carnes vermelhas, cereais integrais, ovos, leite e derivados.

Já o ácido fólico é a versão sintética do nutriente, presente em medicamentos, suplementos e alimentos enriquecidos.

A vitamina é capaz de reduzir em 75% o risco de o bebê nascer com malformações do sistema nervoso central e tubo neural do feto (que se converte na medula espinhal e no cérebro do bebê), evitando assim problemas como espinha bífida, mielomeningocele e anencefalia.

A formação do tubo neural do feto se dá bem cedo na gestação, por isso a importância de começar a suplementação de ácido fólico três meses antes de a mulher engravidar e continuar no primeiro trimestre da gestação.

Com tantos benefícios, a suplementação é recomendação unânime de obstetras, assim como da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Ácido fólico ou metilfolato

Além do ácido fólico, nas prateleiras das farmácias é possível encontrar o metilfolato —que é a forma ativa do ácido fólico. Isso quer dizer que a substância não precisa ser metabolizada pelo organismo.

Para entender a vantagem, é preciso compreender o mecanismo de ação do ácido fólico no corpo.

Ao ser ingerido, o suplemento de ácido fólico precisa ser convertido pelas enzimas do organismo em metilfolato para ser distribuído pelo organismo. É dessa substância que obtemos os benefícios da vitamina. Só que nem todas as mulheres conseguem fazer essa transformação.

Alguns estudos mostram que de 20% a 30% da população apresentam uma mutação genética que impede de produzir doses adequadas da enzima responsável por converter ácido fólico em sua forma ativa.

Quando ingerido já em sua forma ativa, o metilfolato tem uma taxa de absorção 26% maior em comparação com a do ácido fólico. Outro benefício dele é que reduz a possibilidade de interação com medicamentos que interferem na metabolização da vitamina.

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Mas há controvérsia

Não existem estudos científicos sérios que comprovem uma eficiência maior do metilfolato em relação ao ácido fólico. O ácido fólico, usado há décadas e recomendado pela OMS, é mais do que o suficiente para suprir as demandas da gestação.

O metilfolato deve substituir o ácido fólico em uma única situação: nas mulheres portadoras da deficiência da enzima metilfolatoredutase (MFTHR), condição rara que não permite que o organismo transforme o ácido fólico em sua forma ativa.

A mulher portadora dessa deficiência geralmente já sabe da sua limitação mesmo antes de engravidar, pois tende a sofrer anemias recorrentes e transtornos depressivos.

Custo-benefício

Em termos econômicos, o ácido fólico leva vantagem. A vitamina em gotas é distribuída gratuitamente pelo SUS e pode ser comprada por valor muito acessível em qualquer.

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Já o valor do metilfolato é muito mais alto e pode beirar os R$ 100, dependendo da drogaria.

Antes de decidir, converse com seu médico. Só ele, que conhece seu histórico de saúde e os detalhes de cada suplemento, está habilitado para prescrever a melhor opção para você.

Fontes: Andrea Pereira, médica nutróloga do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein; David Pares, ginecologista chefe do Departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp [Universidade Federal de São Paulo]; Liane Matos, médica nutróloga do Hospital São Luiz Itaim e Oncologia D'or; e Nilson Roberto de Melo, ginecologista professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo [USP].

*Com matéria publicada em 06/11/2018

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