Exame de ressonância magnética pode ajudar a prever demência
Em um novo estudo, a ressonância magnética conseguiu prever com 89% de precisão se o indivíduo desenvolveria demência em três anos. Os resultados sugerem que talvez um dia os médicos sejam capazes de usar esse tipo de exame para descobrirem quais os riscos do paciente ter a condição e buscar possíveis meios de preveni-la.
A pesquisa foi realizada pela Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis e por cientistas da Universidade da Califórnia em São Francisco, ambas nos Estados Unidos.
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Atualmente, neurologistas podem obter uma estimativa aproximada do risco de demência utilizando uma espécie de questionário ou testando se o indivíduo possui o gene ApoE, que aumenta o risco da doença de Alzheimer em até 12 vezes. No estudo, ambos os testes foram cerca de 70 a 80% precisos, mas a ressonância foi ainda melhor.
Outras avaliações ainda podem ser usadas, como varrimentos de PET para placas de proteínas no cérebro, para detectar os primeiros sinais de doença de Alzheimer, mas são pouco acessíveis aos pacientes. Os exames de PET, por exemplo, custam milhares de dólares e exigem materiais radioativos não encontrados em um hospital popular. Nesse sentido, a ressonância poderia ser amplamente utilizada, já que é um exame comum.
Técnica mapeia quantidade de substância branca no cérebro
Para o estudo, os cientistas coletaram dados de 10 pessoas cujas habilidades cognitivas haviam diminuído ao longo de um período de dois anos. As informações desses pacientes foram comparadas por idade e sexo com outras 10 pessoas cujas habilidades se mantiveram estáveis. A média de idade das pessoas em ambos os grupos foi de 73 anos.
Os pesquisadores analisaram imagens de ressonância magnética dessas pessoas. Eles usaram uma técnica chamada "imageamento por tensor de difusão", para avaliar a saúde da substância branca do cérebro, que engloba os "fios" que permitem que diferentes partes do cérebro conversem entre si. O exame foi feito antes do período de dois anos para todas as 20 pessoas.
"A imagem por tensor de difusão é uma maneira de medir o movimento das moléculas de água ao longo dos tratos da substância branca", diz o principal autor o estudo Cyrus A. Raji, professor assistente de radiologia da Universidade de Washington. "Se as moléculas de água não estão se movendo normalmente, isso sugere danos subjacentes às substâncias brancas que podem estar por trás dos problemas de cognição."
Os pesquisadores descobriram que as pessoas que passaram a experimentar o declínio cognitivo tiveram significativamente mais sinais de danos à sua substância branca. A análise ainda foi repetida em uma amostra de 61 pessoas, usando uma medida mais refinada da integridade da substância branca. Com essa nova análise, eles conseguiram prever o declínio cognitivo com 89% de precisão ao analisar todo o cérebro. Quando os pesquisadores se concentraram em partes específicas do cérebro com maior probabilidade de mostrar danos, a precisão subiu para 95%.
"Poderíamos dizer que indivíduos que desenvolveram demência tiveram essas diferenças no exame de ressonância, em comparação com as imagens de pessoas cuja memória e permaneceu intacta", conta Raji. Segundo ele, antes que possam trazer essa técnica específica para a clínica, é preciso desenvolver ferramentas com as quais eles possam comparar de forma mais confiável exames dos pacientes e realizar novos testes.
A ideia é que nos próximos anos os médicos consigam dizer com certeza se as pessoas são mais susceptíveis a desenvolver Alzheimer. Embora não existam medicamentos disponíveis para prevenir ou retardar o aparecimento da doença, ao saberem de seus riscos as pessoas podem tomar decisões sobre sua vida enquanto ainda estão no controle total de suas habilidades.
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