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Você joga a casca fora? Ela tem nutrientes que não devem ser desperdiçados

O aproveitamento integral de alimentos garante mais valor nutricional à dieta - iStock
O aproveitamento integral de alimentos garante mais valor nutricional à dieta Imagem: iStock

Gabriela Ingrid

Do UOL VivaBem, em São Paulo

26/11/2018 04h00

Você joga fora a casa das frutas e legumes? Tira a semente das frutas? Joga os talos das verduras no lixo? Se sua resposta foi sim para pelo menos uma das perguntas, é bom saber que, além de estar desperdiçando alimento, você também está perdendo a chance de consumir uma série de nutrientes.

"Jogar no lixo essas partes dos alimentos é jogar fora saúde", diz Aline Rissatto, nutricionista e gastróloga. É um hábito cultural o brasileiro descartar sementes, cascas e talos. "Mas praticamente tudo pode ser aproveitado, inclusive as partes não convencionais", explica a autora das receitas do livro "Gourmet & Sustentável: Cozinhando com as partes não convencionais dos alimentos". 

Segundo a World Resources Institute, no Brasil descartam-se cerca de 41 milhões de toneladas de alimentos por ano, entre talos, cascas, folhas machucadas, sobras de pão, café, arroz e feijão, tornando-se o décimo país no ranking de desperdício alimentar. "Esse prejuízo não é apenas econômico, mas ambiental, com o desperdício da água usada na agricultura desses produtos que se perderão na cadeia alimentar", aponta Cristiane Souza de Oliveira, nutricionista da Gastronomia do HCor (Hospital do Coração).

Alguns alimentos têm mais nutrientes na casca do que na própria polpa, como é o caso da laranja. É muito importante termos consciência do que está sendo desperdiçado"

Aline Rissatto

Desperdício de saúde

Todos os legumes, verduras e frutas são excelentes fontes de vitaminas, mas quando consumidos com cascas, adicionam um grande teor de fibras solúveis e insolúveis muito importantes para a regulação do colesterol LDL na corrente sanguínea e para bom funcionamento do intestino.

A casca do abacaxi, por exemplo, tem três vezes mais fibras e duas vezes mais vitamina C do que a polpa.

O talo da couve tem três vezes mais vitamina C do que a folha.

A folha da beterraba também é mais nutritiva do que a polpa. Ela tem 10 vezes mais cálcio e 13 vezes ferro do que sua polpa*.

De acordo com Oliveira, podemos utilizar a cenoura, o tomate, a abobrinha italiana, o chuchu, o pepino japonês ou comum, a berinjela, a batata bolinha ou inglesa com cascas, por exemplo. Esses legumes podem ser usados na forma de saladas ou até mesmo cozidos e consumidos com cascas.

"Quanto às frutas, podemos e devemos consumir com cascas maçã, pera, goiaba, ameixa, pêssego, entre outras", conta ela.

E o aproveitamento total não é feito apenas com alimentos in natura. Carnes também entram nessa lista. "O pé e pescoço de galinha, a crista de galo, a cabeça e a espinha de peixe podem agregar nutriente ou sabor a alguns pratos ou servir até mesmo como ingrediente principal de uma receita", diz Rissatto.

Veja formas simples de aproveitar alguns alimentos:

Como higienizar

No caso da casca, que serve de proteção ao alimento, é importante que ela seja higienizada com maior rigor. O ideal é fazer isso com o alimento inteiro e não nas partes separadas. De acordo com Rissatto, hipoclorito de sódio ou água sanitária já limpam por completo, basta respeitar as instruções de rotulagem e tempo necessário para higienização.

Se há algum perigo de consumir a casca por conta da exposição aos agrotóxicos? A nutricionista afirma que os riscos são os mesmos de quem consome a polpa. "Não é possível tirar os produtos químicos usados na produção do alimento com o processo de higienização, mas não podemos ser ingênuos e pensar que a química fica só na casca."

A alternativa seria respeitar a sazonalidade dos produtos (veja aqui a tabela de frutas, legumes e verduras). É nessa época que ele costuma ter menos agrotóxicos (uma vez que sua produção é naturalmente maior), mais valor nutricional e maior vida útil.

*Dados da dissertação "Valor nutricional de partes convencionais e não convencionais de frutas e hortaliças", de Betânia de Andrade Monteiro, da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP.

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