Para não abortar, Thaeme usa remédio para doença rara; é sempre necessário?
Em maio, a cantora Thaeme sofreu um aborto espontâneo --quadro que especialistas estimam ocorrer em até 15% das gestações no mundo. Geralmente, o problema acontece por alterações no próprio embrião e a mulher já pode tentar engravidar novamente a partir da primeira menstruação pós-aborto, pois até a 12ª semana de gestação o útero não expande muito e volta ao tamanho normal em pouco tempo.
Thaeme seguiu a recomendação e anunciou uma nova gravidez há duas semanas. Dessa vez, ela revelou que tomou um medicamento anticoagulante para prevenir trombofilia --doença que contribui para o entupimento das veias e pode causar coagulação do sangue no cordão umbilical. Segundo a artista, essa pode ter sido uma das razões de seu aborto.
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"Investiguei a causa e a principal suspeita é a má formação do embrião, mas a proteína S que baixou muito durante a gestação [fator associado à trombofilia] também pode ter ocasionado. Nessa gestação, como já sabia da predisposição, fui aconselhada pelo médico a tomar desde o início", contou em vídeo no Instagram.
Em seguida, a cantora afirmou que a própria gestação é um fator de risco para a trombofilia e que a síndrome é uma das principais causas de aborto espontâneo nas 12 primeiras semanas. Porém, isso não é certo. De acordo com Alberto Guimarães, mestre em ginecologia e obstetrícia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a gravidez não é um fator de risco para a doença, e sim para o aumento de coágulos no corpo da gestante. "Isso acontece justamente para proteger a mulher. A coagulação sanguínea impede que, depois do parto, por exemplo, ocorra uma intensa hemorragia."
A trombofilia só é uma das principais causas do aborto precoce no grupo que tem o diagnóstico de aborto de repetição (três abortos). No entanto, é mais fácil quem nunca teve um aborto ter o primeiro do que quem já teve ter outro. "A prevalência da condição em gestantes que tem aborto de repetição é de 1% a 5%, bem baixa."
O que pode causar a trombofilia?
"A trombofilia é hereditária. As pessoas que manifestam a síndrome têm o fator genético presente, mas nem todas que o possuem vão manifestar a doença", explica Guimarães.
Thaeme conta que o médico recomendou tomar o remédio anticoagulante todos os dias da gravidez e até 40 dias após o parto, por ter uma predisposição já diagnosticada. Mas nem todas as mulheres precisam do medicamento.
"Cada caso deve ser acompanhado individualmente por médicos responsáveis. Ninguém deve tomar qualquer remédio por conta própria", acrescenta Guimarães.
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