Por que sal em excesso faz mal? Quanto posso comer? Tire suas dúvidas
Você já ouviu aquele ditado de que "tudo em exagero faz mal"? O sal é a prova disso. O condimento é importante para o nosso corpo por ter sódio, que ajuda a distribuir os líquidos corporais e permitir um bom funcionamento do organismo. Porém, é preciso ter cuidado antes de tacar o saleiro na comida, uma vez que o sal pode aumentar o risco de hipertensão e doenças cardiovasculares.
Os cientistas já comprovaram que populações que comem muito sal correm mais riscos de pressão alta, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e insuficiência renal. E investindo em alimentos industrializados, enlatados, embutidos e até refrigerantes, com certeza entramos para esta estatística.
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"Tem um estudo muito bacana da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) que mostra que na década de 60, antes de ter contato com a civilização, a população dos Ianomâmis não consumia sal e não tinha hipertensão. Mas ao serem apresentados ao produto, os índios começaram a ser diagnosticados com o problema", conta Daniel Magnoni, cardiologista e nutrólogo do HCor (Hospital do Coração).
O condimento é associado ao enrijecimento das artérias, que leva a hipertensão, e retenção de líquidos que, mais uma vez, interfere na pressão. "O sal puxa a água. Existem pacientes sensíveis que não se adaptam com esse excesso de líquido e o organismo reage elevando a pressão", explica Bruno Valdigem, cardiologista do hospital Albert Einstein, em São Paulo. Em um corpo saudável esse líquido extra seria eliminado pelos rins, mas como o sal pode lesionar as artérias renais, há complicações.
Uma pesquisa divulgada na revista científica Nature afirmou ainda que problemas relacionados ao cérebro, como doenças cerebrovasculares e comprometimento cognitivo, aparecem se há sódio em excesso no organismo.
Mas e agora, abandono o sal?
Sem pânico. A ausência do sódio pode resultar em fraqueza e hipotensão. "Tirar completamente o sódio da dieta é algo relacionado até com a mortalidade. O ideal é reduzir, evitar industrializados e se esforçar para chegar próximo a recomendação dos órgãos de saúde", aconselha Magnoni.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda um limite de 2 g de sódio ao dia, cerca de 5 g de sal. No entanto, um estudo lançado no periódico The Lancet mostrou que só há uma elevação no número de problemas cardiovasculares quando o consumo de sódio é maior do que 5 g ao dia (15 g de sal, aproximadamente duas colheres de chá).
Dados mostram que menos de 5% das pessoas que vivem em países desenvolvidos ultrapassam essa quantidade e que a ingestão média do brasileiro é de 4,8 g de sódio (12 g de sal). Se os estudos estiverem corretos, o brasileiro está dentro do saudável.
E quem já é hipertenso?
Os especialistas afirmam que a recomendação para quantidade de sal é segura para quem é saudável ou hipertenso, mas é claro que é importante que pacientes com a doença sejam mais empenhados em diminuir o consumo.
E quais alimentos exigem atenção?
"Além de reduzir o consumo do próprio sal de cozinha, é preciso lembrar que vários alimentos já contêm sódio em sua composição", diz o cardiologista Diego Garcia.
Um pacote de macarrão instantâneo de galinha caipira pode chegar a conter aproximadamente 1,6 g de sódio. Um Big Mac conta com 0,8 g de sódio, as batatas médias que acompanham possuem 0,3 g, uma Coca-Cola normal de 350 ml traz 0,02 g. Quer mais exemplos? Uma colher de sopa de shoyu tem 0,8 g de sódio e três fatias de presunto cozido tem 0,7 g.
Sal rosa, marinho e light são melhores?
Do ponto de vista fisiológico sal é sal, mas o gosto pode ser diferente devido a outras substâncias presente em cada tipo de sal. No entanto, essas substâncias diferentes presentes em cada sal apenas dão sabor, não existem em quantidades suficientes para fazer diferença do ponto de vista nutricional.
Já o sal light tem diferentes percentuais de cloreto de potássio misturado com cloreto de sódio ou até 100% de cloreto de potássio. Mas o potássio não deve ser usado por pessoas com problemas renais graves.
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