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Homem expele coágulo em forma de brônquios; médica explica o caso

Coágulo parece uma árvore futurística, mas na verdade é um molde de alguns brônquios - Reprodução
Coágulo parece uma árvore futurística, mas na verdade é um molde de alguns brônquios Imagem: Reprodução

Giulia Granchi

Do UOL VivaBem, em São Paulo

07/12/2018 15h39Atualizada em 14/10/2019 10h03

A foto acima pode parecer parte de um cenário de filme de ficção, e o caso realmente se espalhou como algo bizarro o bastante para um filme: um homem de 36 anos teria tossido e eliminado 10 ramos de sua árvore brônquica. Ainda que a realidade continue sendo curiosa, ela não é tão grave.

De acordo com o relato publicado no periódico científico New England Journal of Medicine, a pequena "árvore" é, na verdade, um coágulo de sangue.

A pneumologista Evelise Lima, médica do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e especialista em endoscopia respiratória, explica que casos como este são raros, mas geralmente acontecem quando há sangramento pulmonar —ocasionado por sequelas de pneumonia, doenças fúngicas, ou no quadro apresentado pelo paciente, uso de medicamento anticoagulante.

"Quando ocorre o sangramento, pode entrar nos brônquios, causando uma irritação imediata, e por isso, é comum a tosse do paciente. O caso do britânico é ainda mais raro, pois o sangue não foi expectorado imediatamente, mas secou no formato dos brônquios, gerando a forma curiosa que foi expelida mais tarde", explica.

De acordo com relato dos médicos do paciente, publicado na revista Atlantic, o paciente foi inicialmente admitido na unidade de terapia intensiva com estágio grave de insuficiência cardíaca. A equipe o conectou a uma bomba projetada para ajudar a circular o sangue pelo corpo, mas o próprio aparelho oferece riscos. "Há alta turbulência dentro das bombas, e isso pode causar a formação de coágulos dentro. É necessário dar anticoagulantes aos pacientes para tornar o sangue mais fino e evitar a formação de coágulos", explicou Georg Wieselthaler, um dos médicos que acompanhou o homem durante seu tratamento.

Segundo Wieselthaler, o coágulo pode ter permanecido intacto por meio de uma alta concentração de fibrinogênio, uma proteína que age como "cola" no coágulo, prendendo as plaquetas para formar uma massa. A infecção que o paciente teve, além de agravar sua insuficiência cardíaca, causou uma concentração de fibrinogênio mais alta que o normal em seu sangue.

"O paciente teve uma infecção que agravou a insuficiência cardíaca e pode ter causado um acúmulo de fibrinogênio no sangue, resultando em um coágulo mais elástico", disse o especialista à Atlantic. O homem morreu cerca de uma semana após o incidente — por motivos relacionados à doença e não ao coágulo.

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