Cresce a morte de idosos após queda: como evitar e o que fazer nesses casos
Quedas podem acontecer em qualquer idade, mas com o passar dos anos um pequeno desequilíbrio ou obstáculo na rua pode levar a uma fratura mais grave. Isso acontece porque algumas doenças causam a redução da mobilidade ou do campo visual, fazendo com que, para os idosos, atividades como tomar banho ou ir ao supermercado possam significar um risco maior para a saúde.
O problema é que episódios desse tipo têm se tornado cada vez mais frequentes nos lares brasileiros. Segundo um estudo publicado neste ano na revista Ciência & Saúde Coletiva, a taxa de mortalidade de idosos em decorrência de uma queda aumentou 200% entre os anos 1996 e 2012 nas capitais do país.
"As consequências mais comuns são fraturas, medo de cair, lesão, hematomas, redução da mobilidade e hospitalização", afirma Débora Moura, professora do Programa de Pós-graduação em enfermagem da Universidade Estadual de Maringá e uma das autoras da pesquisa.
Segundo o levantamento, entre 1996 e 2012 foram registrados 66.876 óbitos e 941.923 internações associadas a quedas envolvendo pessoas com 60 anos ou mais em todo o país. O número corresponde a aproximadamente quatro óbitos a cada 10 mil idosos.
"Isso se torna um problema relevante a partir do momento em que há um maior número de idosos no país, especialmente por conta de doenças crônicas, das vulnerabilidades e da perda de reflexo para reduzir os impactos da queda", explica o médico Renato Bandeira de Mello, diretor científico da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Dados do Ministério da Saúde mostram que cerca de 30% dos idosos caem ao menos uma vez por ano. Entre os que possuem mais de 80 anos, esse número sobre para 40%. Em geral, 25% dos que caem precisam ser hospitalizados e, destes, apenas metade sobrevive após um ano da ocorrência.
O perigo mora em casa
Entre os idosos, as quedas estão associadas a dois fatores: os intrínsecos e os ambientais. No primeiro caso, o episódio é causado por conta de uma dificuldade de física, uma doença, o uso de medicamentos ou consequência de sequelas de um AVC ou problema cardíaco. Já no segundo grupo estão esquadrados os acidentes domésticos --como um tropeço no tapete da sala ou na rua, causado por uma calçada malfeita, por exemplo.
"Idosos saudáveis tendem a cair durante atividades instrumentais e em ambientes públicos, enquanto os mais frágeis tendem a cair em seus domicílios durante atividades rotineiras sem grandes exigências de equilíbrio", explica a professora.
Em casa, as quedas ocorrem porque alguns se sentem mais seguros, arriscando-se mais e prestando menos atenção aos obstáculos. Nesses lugares podem estar escondidas algumas armadilhas, como móveis que atrapalham a passagem, tapetes e pisos escorregadios, além de sofás e cadeiras de baixa estatura, que dificultam o levantar-se ou sentar-se de forma segura e apropriada.
Na rua, a falta de sinalização e de mobiliário urbano adequado oferecem maior risco a quem tem alguma dificuldade de se mover pela cidade.
Acendendo o alerta
Segundo os especialistas ouvidos pelo UOL VivaBem, não há uma idade específica para tomar mais cuidado, mas os números mostram que as quedas se tornam mais frequentes e perigosas após os 80 anos ou quando o idoso é institucionalizado. "O processo de envelhecimento, de um modo geral, provoca alterações progressivas e funcionais que se acumulam com o aumento da idade, podendo comprometer o desempenho de atividades motoras, dificultando a adaptação do idoso ao ambiente predispondo-o a queda", explica Moura.
Para Mello, o principal sinal de alerta é quando as quedas começam a se tornar mais frequentes. "Isso indica a necessidade de avaliação física e psicológica, considerando que o medo é um marcador claro de maior risco de queda", diz o geriatra.
Nesses casos, o médico pode indicar uma reabilitação física com fisioterapeutas ou terapeutas ocupacionais, a fim de desenvolver grupos musculares específicos, fazendo com o idoso ganhe mais confiança e autonomia para realizar atividades cotidianas. Além disso, terapia com um psicólogo pode ajudá-lo a perder o trauma associado a algum episódio anterior de queda.
Evite quedas
Nos casos em que o idoso possui limitações motora, visual, de equilíbrio ou reflexo, outras dicas podem ajudar a reduzir o risco para acidentes:
Instale pisos antiderrapantes e iluminação adequada;
- Evite o uso de tapetes ou utilize adesivos para fixa-los melhor ao piso;
- Instale barras de apoio na lateral da cama, no banheiro e demais locais da casa em que o idoso precisa de apoio para realizar atividades diárias;
- Se possível, substitua degraus íngremes ou estreitos por rampas;
- Prefira a utilização de calçados confortáveis e antiderrapantes;
- Informe o médico, caso o medicamento tenha algum efeito colateral que comprometa as atividades cotidianas do paciente.
Antes de fazer qualquer alteração na casa, no entanto, é importante conversar com o idoso, considerando sua opinião e autonomia durante o processo (confira importância de levar a opinião dele em conta quando o assunto é saúde). "No caso de uma pessoa que tem plena capacidade mental, é preciso tomar cuidado para não gerar maior sensação de insegurança e desvalia, o que pode trazer consequências sérias para o idoso e conflitos na família", diz o médico.
O que fazer quando a queda ocorre
Em caso de queda, fique atento se a queda resultar em lesão, corte, hematoma ou cause dor, mas também se o idoso perder a consciência ou não conseguir se levantar sozinho.
Dependendo da gravidade, é importante chamar imediatamente um serviço de emergência para o transporte adequado da vítima até o hospital. Mesmo nas situações menos graves, os especialistas dizem que o idoso deve ser avaliado posteriormente por um especialista.
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