Estresse faz comer doces e gorduras? Veja dicas para controlar o desejo
Sabe aquele estereótipo clássico de alguém comendo sorvete ou brigadeiro ao terminar um namoro? A cena pode até parecer forçada, mas tem uma explicação científica.
Quando estamos estressados, ansiosos ou até tristes, há uma série de alterações hormonais, como o aumento do cortisol. Esse hormônio varia naturalmente em nosso corpo ao longo do dia, mas alguns fatores como o estresse físico e psicológico estimulam seu aumento.
Seu excesso no corpo pode aumentar o risco de doenças cardíacas, mas também tem impacto no emagrecimento, justamente porque o organismo entende que alimentos calóricos, principalmente doce e gordura, são a forma mais fácil de equilibrar novamente a transmissão de neurotransmissores, como dopamina e serotonina.
"Ainda faltam muitos estudos para chegarmos a algo mais concreto, mas várias pesquisas já relacionaram o desequilíbrio de neurotransmissores com a maior vontade de consumir certos tipos de alimentos", explica Ricardo Jonathan Feldman, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein.
Como esses alimentos dão prazer, por ativarem mecanismos de recompensa, o corpo libera serotonina e equilibra tudo novamente. "Como a glicose a gordura dão prazer, temos vontade de repetir, o problema é que, em consumo exagerado, esses alimentos começam a fazer mal", considera o especialista.
Feldman ainda afirma que alguns estudos demonstram que pessoas que têm deficiência de serotonina podem ter maior dificuldade de saciedade e sua vontade de comer dura períodos maiores do que o normal.
Pouca produção de triptofano, aminoácido encontrado em frutas como abacate e banana, também já foi relacionada à ansiedade, depressão e falta de saciedade.
Como os mecanismos de recompensa agem?
O consumo de alimentos ricos em açúcar, gordura e sal nos traz uma sensação de prazer e conforto no momento de estresse, ansiedade e tristeza. Porém essa sensação de prazer é muito rápida e, para que ela seja contínua, o cérebro faz você buscar uma quantidade muito grande desses alimentos densamente calóricos.
Segundo Camila Carvalho, nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, esse tipo de comportamento é muito comum em obesos, inclusive devido a uma ação diminuída da dopamina. "É como se houvesse um menor número de receptores desse neurotransmissor, o que faz com o que a pessoa tenha que consumir uma quantidade muito maior desses alimentos para atingir a sensação de prazer que busca, mesmo que momentânea."
Isso leva a diversos problemas de saúde, pois o indivíduo deixa de comer alimentos ricos em vitaminas e minerais, alterando a imunidade e perdendo mais minerais, como o magnésio e o cromo, pela urina. Fora, claro, o risco de obesidade e diabetes tipo 2.
Transtorno alimentar ou apenas desejo?
Claro que sentir vontade de comer chocolate quando se está triste é normal. Mas alguns transtornos também podem causar um tipo de compulsão parecida. Para saber a diferença, um problema como esse só é considerado um distúrbio mental quando traz prejuízos para a vida da pessoa. E o prejuízo não são alguns quilos na balança, não.
O indivíduo sente vergonha por estar comendo, evita contato com amigos, familiares e tem problemas na profissão por causa da comida. A vida dele basicamente gira em torno da alimentação. "Se ele passar pelo menos seis meses sofrendo por causa disso, é hora de procurar um psicólogo ou psiquiatra", recomenda Feldman.
Mas se o seu problema não for realmente um transtorno perigoso, é possível evitar essa relação danosa com o alimento e ter encarar a alimentação de forma mais equilibrada e saudável. "Como geralmente a busca por gordura e carboidrato funciona como um círculo vicioso, o ideal é buscarmos outra atividade que nos dê prazer, para que possamos substituir o ataque aos alimentos", sugere Patricia Oliveira, nutricionista clínica e esportiva da Clínica CQV.
Você pode substituir...
A frase que ficou popular por causa da Bela Gil não precisa ser encarada com desprezo. Ela tem razão. Óbvio que quando estamos tomados pela emoção é muito complicado tomar decisões mais sábias, afinal, todos sabemos que uma fruta é realmente mais saudável do que um chocolate.
Mas uma boa estratégia para evitar que aconteça esse tipo de comportamento é a organização, segundo Carvalho. "Opte por uma alimentação bem fracionada, evitando longos períodos de jejum". Tenha em mãos sempre um lanche intermediário, para evitar que você busque algo "prático" na hora que a emoção/fome/vontade bater.
Entre esses "alimentos coringas" para serem ingeridos ao longo do dia, a nutricionista sugere:
- Banana e o farelo de aveia, ricos em triptofano;
- hocolate amargo 70%, já que o cacau tem muitos fitoquímicos que também auxiliam em proporcionar o bem-estar;
- Oleaginosas, que possuem magnésio, cobre e selênio e ajudam e melhorar o estresse.
Oliveira ainda acrescenta sugestões para o resto do dia: "Coma carboidratos de liberação lenta, ricos em fibras, como os integrais e farinhas como aveia, acompanhados de gorduras boas (castanhas, abacate, azeite, chia, linhaça); evite doces de forma isolada (comê-los no meio da tarde sem nada associado) e troque-os pelo sabor adocicado das frutas, geleia sem açúcar em pequena quantidade, frutas secas ou mesmo frutas cozidas com canela; por fim, iogurte, leite e queijo também são excelentes fontes de triptofano que podem dar uma segurada nos níveis de serotonina e evitar ataques compulsivos".
Não é só comida
É bom lembrar também que noradrenalina e serotonina também podem ser produzidas por meio de várias atividades que não incluem comer. Praticar exercícios libera substâncias que podem trazer o equilíbrio desses neurotransmissores de novo no cérebro, por exemplo. Ela reequilibra a homeostase da saúde, emagrece, dá vitalidade, preparo físico e ainda previne doenças.
Psicoterapias também podem ajudar, já que são uma forma de se conhecer melhor, lidar melhor com as situações e,consequentemente, equilibrar a transmissão desses neurotransmissores. "As consultas com o terapeuta equilíbriam o humor, a ansiedade e o estresse, prevenindo liberações exageradas de alguns hormônios", explica ele.
O trabalho voluntário também promove esse equilíbrio. Por incrível que pareça, existem hormônios "do bem" que são liberados quando ajudamos os outros. Só não vale ajudar doando chocolate.
Fontes: Camila Carvalho, nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Ricardo Jonathan Feldman, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein; Patricia Oliveira, nutricionista clínica e esportiva da Clínica CQV.
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