Paciente do RJ não tinha peste negra; qual a causa e os sintomas da doença?
A peste bubônica, ou peste negra, como é chamada nos livros de história, quase dizimou a humanidade há 5 mil anos. Entretanto, a suspeita de um caso no Rio de Janeiro nesta semana mostrou que o medo da doença ainda paira no ar --mas é importante saber que com o avança da medicina e o tratamento correto o problema não é mais tão mortal como no passado.
A mulher, moradora de São Gonçalo, foi internada no dia 22 de dezembro com suspeita da peste. Ela chegou ao hospital com quadro de insuficiência cardíaca e foram colhidos materiais oral, nasal e anal para análise. Por estar com uma ferida na perna, também foi solicitada amostra da pele, diagnosticando a presença da bactéria Yersinia pestis, justamente a causadora da enfermidade que assolou a Europa no século 14.
Uma nota divulgada na segunda-feira (14) pelo Ministério da Saúde, no entanto, descartou a suspeita da doença. De acordo com a nota, tudo leva a crer que houve erro de identificação do bacilo no primeiro exame.
O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do estado do Rio de Janeiro refez a análise e identificou a bactéria Morganella morganni, um microrganismo comum no ambiente e que não causa infecções em indivíduos com boa imunidade.
"Em pessoas com comprometimento imunológico, pode causar infecções oportunistas do trato respiratório, urinário e infectar feridas", diz a nota do Ministério.
A peste bubônica não era noticiada no Brasil desde 2005, quando houve um único caso na região serrana do Ceará.
O que é a peste negra?
A doença infecciosa é transmitida, principalmente, por picada de pulga infectada presente em roedores, especialmente ratos. A bubônica é o tipo mais brando da patologia, mas ainda existem outras duas formas em que ela se manifesta: a pneumônica e a septicêmica.
Enquanto na bubônica os sintomas mais significativos são febre alta, além de gânglios aumentados (bubões) e doloridos próximos ao local da picada, nos estágios mais avançados, os nódulos linfonodos costumam abrir e ficar cheios de secreção contagiosa.
Especificamente, a pneumônica ocorre quando a infecção atinge os pulmões. A septicêmica é quando a bactéria cai na corrente sanguínea e se espalha pelo organismo todo. No caso da pneumônica ainda há o agravante de ela ser transmitida de pessoa para pessoa por meio de objetos infectados com muco e por gotículas aerogênicas lançadas pela tosse no ambiente.
Segundo o Ministério da Saúde, "a maior transmissibilidade da peste bubônica se dá no período sintomático, em que o bacilo circula no organismo em maiores quantidades. A da peste pneumônica ocorre no início da expectoração, permanecendo enquanto houver bactérias no trato respiratório". O tempo de incubação geralmente é de dois a seis dias na bubônica e de um a três dias na pneumônica.
Como saber que uma pessoa tem?
O diagnóstico da peste negra é feito por meio de exames de sangue, do fluido presente nos bubões ou do escarro. Mas antes mesmo de chegarem os resultados laboratoriais, já deve ser iniciado o tratamento (como foi o caso da mulher em São Gonçalo).
O ideal é começar a tratar nas primeiras 15 horas após o início dos sintomas devido à gravidade e rapidez da instalação do quadro clínico.
É recomendado o uso de antibióticos (tetraciclinas, estreptomicina, cloranfenicol são alguns) injetáveis ou orais por um período de 10 a 14 dias. A internação e o isolamento do paciente, muitas vezes, são necessários no princípio, a fim de definir a melhor conduta e acompanhar a evolução do caso.
A letalidade, quando não tratada corretamente, varia de 30% a 60%. Mas com o avanço da medicina (antibióticos mais eficazes e diagnósticos precisos), a peste não é mais tão mortal assim.
E a prevenção?
Ainda não existe vacina para a peste bubônica, então, a prevenção é justamente evitar o contato com roedores e com suas pulgas. É importante adotar medidas básicas de saneamento, não acumular lixo e fazer a sua correta coleta. Assim, evita-se a proliferação dos ratos.
O MS recomenda ainda que não se tenha nenhum tipo de contato com animais sinantrópicos --aqueles que se adaptaram a viver junto ao homem, a despeito da sua vontade --, como os pombos, por causa das pulgas encontradas neles.
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